São Paulo, sábado, 19 de outubro de 2002

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FILMES E TV PAGA

TV ABERTA

"Carrie Buck" é sustentado por elenco animador

Pee-Wee
SBT, 14h15.  
(Big Top Pee-Wee). EUA, 88, 90 min. Direção: Randal Kleiser. Com Pee Wee Herman, Valeria Golino. Sujeito cuja característica principal é ter como melhor amigo um porco recebe em sua fazenda os integrantes de um circo.

A História de Carrie Buck
Rede TV!, 15h15.   
(Against Her Will: The Carrie Buck Story). EUA, 94. Direção: John David Coles. Com Marlee Matlin, Melissa Gilbert. Carrie Buck (Matlin) é uma das mulheres que, nos anos 20, no progressista Estado da Virgínia, é esterilizada (sem saber que isso acontece) por apresentar problemas mentais. Bem, problemas mentais são, em geral, aquilo que os outros designam como tal, para começar. Em suma, tal monstruosidade vai parar no tribunal onde é objeto de julgamento. Julgamento que é objeto deste telefilme, que tem um elenco feminino animador e a história a sustentá-lo.

Apuros e Trapalhadas de um Herói
Rede TV!, 18h.  
(Some Kind of Hero). EUA, 82, 92 min. Direção: Michael Pressman. Com Richard Pryor, Margot Kidder. Prisioneiro de guerra (Pryor) volta do Vietnã e encontra um mundo mudado. Comédia menor.

Segredos do Passado
Globo, 23h15.  
(Buried Secrets). EUA, 96. Direção: Michael Toshiyuki Uno. Com Tiffani-Amber Thiessen, Tim Matheson. Espírito de uma criança assombra casa onde sua mãe foi morta. Terror para TV. Inédito.

Proteção à Testemunha
SBT, 23h45.  
(Witness Protection). EUA, 99, 105 min. Direção: Richard Pearce. Com Mary Elizabeth Mastrantonio, Forest Whitaker. Mafioso decide denunciar seus antigos amigos. Em troca, o FBI decide sumir com ele e a família, como prevê o programa de proteção à testemunha. Segue-se drama familiar e psicológico, desencadeado pela tensão. Inédito.

Paixão Turca
Bandeirantes,1h30.   
(La Pasion Turca). Espanha, 94, 113 min. Direção: Vicente Aranda. Com Ana Belen, Georges Corraface. Mulher casada e feliz vai à Turquia, onde tudo desanda. Ou, se se preferir, anda: lá ela encontrará uma paixão obsessiva e que revelará as profundezas de sua alma. Ou ainda: isto é Vicente Aranda. A vantagem é que ele sabe valorizar suas belas atrizes e bons atores.

Cuidado com as Baixinhas
SBT, 1h40.  
(National Lampoon Attack of the 5'2" Women). EUA, 94. Direção: Richard Wenk. Com Julie Brown, Khrystine Haje. Duas histórias de mulheres baixinhas. A primeira é uma patinadora também gordinha que contrata um trapalhão para matar a rival. A segunda é uma mulher frígida que decide, certo dia, cortar o pênis do marido, por achar que ele andava saindo com outra mulher.

Terror em Nova York
SBT, 3h10.   
(Wolfen). EUA, 81, 114 min. Direção: Michael Wadleigh. Com Albert Finney, Diane Venora. O detetive Finney desconfia que onda de mortes em Nova York vem sendo causada por lobisomens. Segue a pista. Confirma-a. Eliminar as terríveis criatura é outro, e bem mais delicado, problema. Só para São Paulo.

Tarzã e os Caçadores
SBT, 5h20.   
(Tarzan and the Trappers). EUA, 58, 70 min. Direção: Charles Haas, Sandy Howard. Com Gordon Scott, Eve Brent. Depois de prender caçador de animais, Tarzã tem de ajustar contas com o irmão do caçador, que quer vingança. E Tarzã em 58 já estava bem cambaleante. (IA)

TV PAGA

"Compadecida" concilia atraso e modernidade

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

"Modernização conservadora" é uma dessas expressões que quebram qualquer galho. Serve para designar quase todo processo de atualização que não corresponda, em suma, àquilo que se acredite progressista. Até há algum tempo essa distinção era razoavelmente fácil. Hoje vivemos nas brumas. Seria a rede Globo, por exemplo, um caso de modernização conservadora?
"O Auto da Compadecida" (Canal Brasil, 23h20), produção Globofilmes, carrega esse mistério. Estamos no registro do cordel, com João Grilo valendo-se de sua vasta sagacidade, ao lado do companheiro Chicó, para sobreviver no Nordeste coronelizado.
Ao final (no caso, não é preciso esconder o final: quem não o conhece, adivinha), a Compadecida os absolverá. Não é uma fábula tão diferente das que dizem respeito à malandragem carioca, por exemplo. Em linhas gerais, nos lembra de que a idéia de trabalho honesto é uma farsa, em situações de opressão e desigualdade.
Nunca saberemos por que o filme de Guel Arraes fez o sucesso que fez. Foi a máquina promocional da Globo? O apelo da história de Ariano Suassuna? O fato de ter sido, antes, uma minissérie de TV? Talvez tudo isso junto.
A versão trágica desse tipo de saga encontra-se em "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles. Só que aqui pobres e ricos já não têm contato e o tráfico substituiu a malandragem. Não há mais mediação possível (nem Compadecida): existe um abismo de hábitos e valores (se valores existem, de lado a lado) entre categorias sociais.
O filme de Arraes fecha-se com um pirotécnico show de efeitos: o atraso nordestino potencializado pela tecnologia do espetáculo. O que redime João Grilo é menos a Compadecida do que a modernidade. O "Auto" exprime o desejo de um compromisso que a história varreu. Estamos no vale-tudo da "Cidade de Deus".


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