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FILMES TV PAGA
Carnaval só é transgressão em Hollywood
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
"Batman Eternamente"
(Max Prime, 12h45) sempre foi considerado a pior das
adaptações de "Batman" para o
cinema. Não há dúvida de que este filme de Joel Schumacher seja
de doer, mas ele é pior que o recente "Batman Begins"? Duvido,
mas os fãs julgam este longa de
Christopher Nolan o melhor da
série, sobretudo porque foi mais
fiel aos quadrinhos.
O que é um grande problema,
porque um filme tem de ser fiel à
sua própria imagem, ou seja,
àquilo que foi filmado e que ele está nos mostrando na tela e jamais
àquilo que ele está reproduzindo
(um livro, a vida real). Essa cobrança alucinada dos fãs, então, é
como por uma biografia autorizada, pouco atenta à imagem, que é
quem destaca os bons filmes dos
fiascos.
É com esse tipo de olhar, por
exemplo, que cinebiografias como "O Aviador" foram atacadas.
Porque Martin Scorsese queria
menos falar sobre a vidinha dândi
e digna de revista "Caras" de Howard Hughes e mais sobre a efemeridade da arte num mundo
alucinado. E, assim como Scorsese e Tim Burton -que rodou
"Batman" e "Batman - O Retorno", os dois melhores da série-,
Schumacher não foi atrás de uma
história oficial. Na impossibilidade de dar conta do universo do célebre personagem, ele optou pela
carnavalização de tudo, um reverso estético que resultou, com perdão da palavra, num considerável
vômito visual. Assim, "Batman
Eternamente" tem de tudo: Batman e Robin quase enamorados,
combatendo um vilão, o Charada,
que mais parece um arlequim anfetaminado, predominância de
um cor-de-rosa e um verde-bebê
um tanto suspeitos e cenas de
ação um tanto desengonçadas.
É um desastre como cinema,
mas também é a negação a uma
história oficial asfixiante, uma
transgressão respeitável numa indústria como a de Hollywood.
"Batman Eternamente" é, acidentalmente ou não, um longa-metragem quase marginal, um quase filme de Rogério Sganzerla pichado por um arlequim.
O pior defeito de John Ford
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
John Ford tirava sarro de
Howard Hawks, lembrando-lhe sempre que ganhara
o Oscar de melhor direção
por "Como Era Verde o Meu Vale" (Telecine Classic, 22h), que era um filme
inferior ao "Sargento York"
de Hawks.
É verdade, mas a base de
comparação é muito frágil.
"Como Era Verde" está intoxicado até a raiz do pior
defeito de Ford, que era o
sentimentalismo, aplicado
aqui a uma família de mineradores do País de Gales.
Mas a base de sua comparação também não é assim
tão forte. "Sargento York"
não é um dos maiores
Hawks, e naquele ano de
1941 existia um outro filme
no pedaço, "Cidadão Kane", de Orson Welles. Ainda assim, Ford ganhou: impossível falar de cinema ignorando seus filmes. Ou seja: apesar dos pesares, vamos ao "Vale".
TV ABERTA
Acertando as Contas com Papai
Record, 14h.
(Getting Even With Dad). EUA, 1994, 108
min. Direção: Howard Deutsch. Com
Macaulay Culkin, Ted Danson, Glenne
Headly. Filho (Culkin) esconde o dinheiro
do pai ladrão (Danson) a fim de fazer
pequena chantagem: caso não se
comporte por uma semana como um pai
normal, não verá mais a cor do dinheiro.
Idéia, no mínimo, revolucionária, mas
Deustch ("Assassinos Substitutos") mata
na direção.
Joey - Um Canguru em Apuros
Globo, 15h53
(Joey). Austrália, 1997, 96 min. Direção:
Ian Barry. Com Ed Begley Jr., Jamie Croft,
Alex McKenna. Bebê canguru, o Joey do
título, tem os pais seqüestrados. Um
adolescente será seu ajudante na missão
de salvar seus amados progenitores.
Sessão, obviamente, da tarde.
Intercine
Globo, 1h50.
Os inéditos "Um Criminoso Decente"
(1999, de Thaddeus O'Sullivan, com
Kevin Spacey, Linda Fiorentino), policial,
e "Conspiração Internacional" (1999, de
Olin Bucksey, com Gordon Currie,
Ekaterina Rednikova), suspense, são os
dois filmes que compõem o cardápio à
escolha do público.
G-2 - O Guardião do Universo
Globo, 3h30.
(G2 - Mortal Conquest). EUA, 1998, 93
min. Direção: Nick Rotundo. Com Daniel
Bernhardt, Meeka Schiro. Aqui não
temos mais Conan, mas sim Conlan,
herói cuja espada invencível os inimigos
cobiçam. Não é uma comédia, o que faz
merecer outro canal no televisor.
A Fogueira das Vaidades
SBT, 2h40.
(The Bonfire of the Vanities). EUA, 1990,
126 min. Direção: Brian de Palma. Com
Tom Hanks, Melanie Griffith, Bruce Willis.
Executivo atropela jovem negro e se dá
mal na tal fogueira midiática norte-americana que faz das relações humanas
aberrações circenses. De Palma não ser
fiel ao notável livro de Tom Wolfe e
preferiu o viés cômico, que, no caso, é
bem mais crítico que o livro. Poucos
entenderam isso, o que não deixa de ser
uma grandissíssima pena. Dos melhores
filmes da semana. Somente para São
Paulo.
(PSL)
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