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Baterista Art Blakey é tema da Coleção Folha
Obras do músico que fundou a banda Jazz Messengers e
ajudou a consolidar o hard bop estão no 5º volume da série
"O instrumento mais próximo da alma humana é a bateria, porque, se o seu
coração não bater, você está morto", dizia o baterista
DA REPORTAGEM LOCAL
Órfão, ele trabalhou em minas de carvão, casou-se quatro
vezes, teve sete filhos e adotou
outros sete. Um dos músicos
mais influentes da história deste gênero musical, o baterista
Art Blakey (1919-1990) é o tema
do volume 5 da Coleção Folha
Clássicos do Jazz, que chega às
bancas neste domingo.
"O instrumento mais próximo da alma humana é a bateria,
porque, se o seu coração não
bater, você está morto", Blakey
disse à revista "Down Beat", em
1979. "Se você não andar no ritmo, não consegue andar. Você
precisa mastigar sua comida no
ritmo. Todas as coisas têm um
ritmo próprio."
Abandonado pelo pai e órfão
de mãe aos 5 meses de idade,
Arthur Blakey foi criado pela
melhor amiga de sua progenitora. Aprendeu piano de ouvido, mas acabou trocando o instrumento pela bateria, que tocou, nos anos 40, nas bandas de
alguns dos maiores nomes daquele período, como Fletcher
Henderson, Mary Lou Williams e Billy Eckstine.
Em uma viagem à África, em
1948, aprendeu a rítmica complexa (polirritmia) que seria a
marca registrada de seu estilo.
E, de quebra, converteu-se ao
islamismo, adotando o nome
de Abdullah Ibn Buhaina -de
onde vem o apelido Bu, pelo
qual ficou conhecido.
Hard bop
Foi nos anos 50, ao lado do
pianista Horace Silver (tema do
volume 10 da Coleção Folha),
que ele criou os Jazz Messengers, grupo fundamental da
consolidação do hard bop, novo
estilo que, incorporando elementos do gospel, do blues e do
rhythm'n'blues, se contrapunha à suavidade do cool jazz.
Para alguns, o hard bop enfatizaria os elementos "africanos"
do jazz, em oposição à inflexão
"européia" do cool.
Cheio de energia, o baterista
comandou os Jazz Messengers
até o final da vida -nos últimos
anos, usando um aparelho auditivo no ouvido direito.
"Eu sinto as vibrações do
chão, como Beethoven", explicou, já quase surdo, em uma entrevista, quatro meses antes de
morrer. "Isso é que a música é,
de todo modo: vibrações."
Álbum
As sete faixas do CD da Coleção Folha foram gravadas nas
décadas de 1950 e 1960 e lançadas originalmente pelo selo
Blue Note. Elas trazem diversas formações dos Jazz Messengers e mostram Blakey tocando ao lado de craques do
trompete como Lee Morgan e
Freddie Hubbard e saxofonistas do quilate de Benny Golson
e Wayne Shorter.
O disco já abre com o tema de
assinatura dos Messengers:
"Moanin'", de Bobby Timmons
e Jon Hendricks, e traz obras-primas como "A Night in Tunisia", de Dizzy Gillespie e Frank
Paparelli -uma homenagem à
geração do bebop, aberta por
um solo extrovertido de Blakey,
em seu melhor estilo.
O baterista improvisa extensivamente ainda em "Mosaic",
de Cedar Walton, enquanto
abre espaço para o brilho de
Shorter em "Lester Left All" e
"Free For All", temas de autoria
do saxofonista.
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