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"O MAIS BELO DIA DE NOSSAS VIDAS"
Longa não avança a discussão além da bolha familiar
PAULO SANTOS LIMA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
O filme de família é dos gêneros mais avizinhados da
teledramaturgia, em que são comuns a crise conjugal, adolescentes hormonais e mistérios domésticos. Típico drama familiar, "O
Mais Belo Dia de Nossas Vidas"
reúne tudo isso, mas não explora
as típicas reviravoltas na trama. E
nem mesmo na estética, o que o
aproxima de uma telenovela.
Estamos longe, aqui, do exercício dramático e cinematográfico
de grandes filmes de família como
"Gata em Teto de Zinco Quente"
(58) ou "Festa de Família" (98).
Em "O Mais Belo Dia..." nada está
muito além do prosaico da vida
real, e as surpresas, débeis, são
dramaticamente fracas.
Essa proximidade com a vida,
traço de um cinema mais moderno, seria uma virtude caso houvesse arrojo na direção de Cristina Comencini. Ela opta por uma
dramaturgia novelesca para tratar
da crise da matriarca Irene (Virna
Lisi), que assiste às agruras dos
três filhos. Rita está com seu casamento arruinado. Claudio não assume sua homossexualidade, e
Sara é a viúva que mata sua carência pegando no pé do filho Marco,
que, convenhamos, é bem esquisito. Há ainda a adolescente-problema Silvia e a pureza intacta da
caçula Chiara.
Os conflitos até desnudam certas verdades, mas estas jamais extrapolam o foro pessoal dos personagens. Cria-se daí um abismo
entre espectador e personagens.
Quando o filme arrisca um pensamento mais elevado a partir da
crise daquela família (mecanismo
típico das adaptações de Tennessee Williams), apenas constata limitada e preguiçosamente uma
certeira corrosão familiar.
Cristina Comencini só acerta ao
mostrar o "home video" como
ponte para a verdade, quando o
paquera misterioso de Sara desvenda sua identidade numa fita
VHS. Uma idéia boa, mas chuviscada pelo saudosismo (choroso e
cafona, da avó Irene) que norteia
todo o resto do filme.
O Mais Belo Dia de Nossas Vidas
Il Più Bel Giorno della Mia Vita
Direção: Cristina Comencini
Produção: Itália, 2001
Com: Virna Lisi, Sandra Ceccarelli
Quando: a partir de hoje no Top Cine
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