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ANDRÉ MIFANO
Sem frescuras, para Don Corleone
André Mifano, 32, quebrou a
cabeça diante do desafio de escolher um personagem para
homenagear. "Pensei em cozinhar para o Obelix, mas desisti.
É muito trabalho." Chef do pequeno italiano Vito, ele considerou ainda Júlio César e até
Edith Piaf. "Queria convencê-la de que a cozinha italiana é
melhor que a francesa."
Depois, entrou em acordo
com a sua imaginação e elegeu
Don (Vito) Corleone, do clássico "O Poderoso Chefão", de
Francis Ford Coppola. "É um
jeito de mostrar um outro lado
do personagem. Ele é bandido,
assassino? Pode ser. Mas ele
era um moleque que saiu do interior da Sicília, de origem supercampesina."
Inspirado na cena da morte
de Don Corleone, na qual o mafioso está no meio de uma plantação de tomate, Mifano escolhe começar com uma salada de
tomates grelhados, com um fio
de azeite italiano extravirgem
não filtrado, sal e pedaços de
queijo pecorino romano, na
companhia de pão italiano.
Ao som de Paolo Conte e
Louis Prima, este entoando
"Angelina", Mifano segue o almoço com um conchiglioni
(massa em formato de concha)
ao molho apimentado de tomate, com cubinhos de berinjela,
fritos no óleo _tudo em uma
varanda na Sicília coberta por
um pano branco para proteger
os convivas do sol. Antes de servir a massa, misture grana padano, pecorino "bem curado" e
mussarela de búfala, "são três
texturas". Polvilhe mollica,
uma farinha de rosca feita com
pão amanhecido puxado no
azeite. "É uma invenção dos sicilianos, que não tinham dinheiro para usar queijo."
Para beber, não há frescura: "água e vinho naquelas tacinhas de vidro mesmo". Mifano
aproveitou a cena do tiroteio na
barraca de frutas para bolar a
sobremesa: nectarina e pêssego
fatiados com mel de jasmim.
"Acho que o cara não devia ser
muito de sobremesa."
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