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Planet Hemp nega apologia e vê 'perseguição'
da Sucursal do Rio
Os integrantes do Planet Hemp
afirmaram ontem, em entrevista
no Rio, que estão sendo vítimas de
uma "perseguição" causada por
seu sucesso e pelo fato de falarem
"a sério" com os jovens sobre a
questão das drogas.
"As pessoas não estavam preparadas para o sucesso do Planet
Hemp. Não esperavam que pudéssemos falar para 7.000 jovens em
um show e passar tanta informação. Essas pessoas querem tratar
os jovens como imbecis", disse o
vocalista Marcelo D2.
A banda suspendeu os planos de
uma turnê pela Europa. A intenção
do grupo era viajar em fevereiro,
mas até que sua situação legal seja
resolvida, os músicos decidiram
cancelar os shows fora do país.
"Não queremos sair do Brasil
sem ter a certeza de que vamos poder voltar. Só saímos daqui depois
que tudo estiver certo, depois que
pudermos nos apresentar normalmente", disse Marcelo D2.
Para o vocalista, a situação da
banda hoje se assemelha a de artistas brasileiros como Caetano Veloso e Gilberto Gil, exilados pelo
regime militar no final dos anos 60.
"Eu lia aquelas histórias e achava estranho, ficava imaginando
como aquilo podia ter acontecido.
Agora acontece com a gente. Eu fico chateado. Queria estar aqui para falar do disco e não para falar de
uma prisão política", disse.
A banda já havia anunciado a decisão de cancelar todos os shows
no Brasil para evitar novas prisões.
Os integrantes do Planet Hemp
não sabem exatamente quantos
shows foram suspensos.
"Tínhamos cerca de três shows
marcados por fim-de-semana até o
final do ano", explicou Bacalhau,
um dos integrantes da banda.
Os músicos não têm uma estimativa do tamanho do prejuízo com o
cancelamento dos shows. "Recebemos uma porcentagem das bilheterias e por isso não dá para
avaliar a perda", disse Bacalhau.
Se houve prejuízo por causa do
cancelamento dos shows, há o outro lado da questão: desde a polêmica prisão dos integrantes da
banda em Brasília, os dois CDs já
lançados pelo grupo estão vendendo mais.
"Não temos os números fechados porque isso demora. Mas sabemos que, em Brasília, quando a
polícia tentou apreender nossos
discos, não encontrou nenhum
nas lojas. Ou vendeu tudo, ou estão escondendo. Daqui a pouco,
nosso disco vai ser vendido no alto
dos morros, como as drogas", disse Marcelo D2.
Para os músicos, a situação da
banda virou "uma guerra". "Não
sei mais o que nos resta fazer. Não
somos bandidos, não queremos
trocar tiros com a polícia nem ficar
fugindo. Só queremos fazer shows
em paz", disse o vocalista.
Ele define a situação da banda
como "delicada". "Nem os mais
famosos e conceituados juristas
conseguem definir se fazemos ou
não apologia", afirmou, para logo
depois completar:
"E não fazemos. Em nenhuma
de nossas músicas falamos da maconha como se fosse uma coisa
boa. Quando cantamos 'legalize já'
estamos dando nossa opinião e temos esse direito."
A mobilização de artistas e intelectuais em favor da banda -ontem à noite haveria um debate no
Rio para discutir a questão da censura intitulado "S.O.S Liberdade
de Expressão"- é vista pelos músicos como uma consequência do
fato de estarem todos assustados.
"Eles perceberam que isso pode
acontecer com qualquer um. Se
não for feito nada, a ditadura vai
voltar", disse D2.
A polêmica em torno da prisão
do grupo já chamou a atenção da
rede de TV a cabo CNN. Ontem,
minutos antes da entrevista coletiva, o grupo foi entrevistado por
uma equipe da emissora.
(CRISTINA GRILLO)
Site oficial do Planet Hemp: http://www.uol.com.br/planethemp/
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