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CRÍTICA
"Movimento Urbano" prega contra a barbárie
XICO SÁ
CRÍTICO DA FOLHA
Um programa cheio de
boas intenções. E daí? Dane-se o adágio que condena essa qualidade. A mesma TV que já chupou do rádio AM o discurso cego
contra os direitos humanos
-"Pau, pau, pau", apela à polícia
um ex-juiz de futebol, em uma
emissora dita evangélica- carece
mesmo de algum naco de delicadeza.
"Movimento Urbano", do canal
GNT, vai além das boas intenções.
Discute o que sobrou e o alcance
do sentido de cidadania em terras
bárbaras. É o "tudo pelo social"
das emissoras a cabo. O Fome Zero visto muito além da polêmica
fashion da doação do cachê da gazela Bündchen.
Apresentado pelo jornalista
Aziz Filho, o programa foge da
vaidade e do personalismo que
costumam acompanhar as ações
dessa natureza. Aziz é sossegado,
quase zen. As reportagens abarcam projetos sociais de ONGs,
empresas e poder público que
têm como intenção reduzir a barbárie das cidades. Mas nada na linha "Vejam como somos bonzinhos...".
"Movimento Urbano" apresenta os problemas, entrevista gente
do ramo e sugere como as pessoas
devem agir para ter os direitos mínimos, no país do minimalismo
social, assegurados. Às vezes cai
no conto de entrevistar artistas
demais. Poderia ter feições mais
anônimas mesmo, sem depender
de rostinhos manjados. Mas é o
de menos.
Além do "tudo pelo social", corre atrás também de temas como
mau humor nas megalópoles, a
solidão -drummondiana- entre as milhões de criaturas. Tédio
versus civilização. Nos primórdios do programa, o arquiteto Oscar Niemeyer apareceu com dicas
para uma cidade dos sonhos. É
por aí.
O sentido da expressão "balada" também foi posto recentemente em discussão. A rapaziada
"zoando" na madrugada. No balanço dos entrevistados, a média
ficou muito "mauricinha". A produção poderia ter caído mais para
os arrabaldes, onde a noite também ferve. A maior casa noturna
de SP, por exemplo, é o Patativa,
nas quebradas da zona sul.
Movimento Urbano
Quando: hoje, às 21h30, no GNT
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