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São Paulo, quinta-feira, 20 de março de 2003

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CRÍTICA

"Movimento Urbano" prega contra a barbárie

XICO SÁ
CRÍTICO DA FOLHA

Um programa cheio de boas intenções. E daí? Dane-se o adágio que condena essa qualidade. A mesma TV que já chupou do rádio AM o discurso cego contra os direitos humanos -"Pau, pau, pau", apela à polícia um ex-juiz de futebol, em uma emissora dita evangélica- carece mesmo de algum naco de delicadeza.
"Movimento Urbano", do canal GNT, vai além das boas intenções. Discute o que sobrou e o alcance do sentido de cidadania em terras bárbaras. É o "tudo pelo social" das emissoras a cabo. O Fome Zero visto muito além da polêmica fashion da doação do cachê da gazela Bündchen.
Apresentado pelo jornalista Aziz Filho, o programa foge da vaidade e do personalismo que costumam acompanhar as ações dessa natureza. Aziz é sossegado, quase zen. As reportagens abarcam projetos sociais de ONGs, empresas e poder público que têm como intenção reduzir a barbárie das cidades. Mas nada na linha "Vejam como somos bonzinhos...".
"Movimento Urbano" apresenta os problemas, entrevista gente do ramo e sugere como as pessoas devem agir para ter os direitos mínimos, no país do minimalismo social, assegurados. Às vezes cai no conto de entrevistar artistas demais. Poderia ter feições mais anônimas mesmo, sem depender de rostinhos manjados. Mas é o de menos.
Além do "tudo pelo social", corre atrás também de temas como mau humor nas megalópoles, a solidão -drummondiana- entre as milhões de criaturas. Tédio versus civilização. Nos primórdios do programa, o arquiteto Oscar Niemeyer apareceu com dicas para uma cidade dos sonhos. É por aí.
O sentido da expressão "balada" também foi posto recentemente em discussão. A rapaziada "zoando" na madrugada. No balanço dos entrevistados, a média ficou muito "mauricinha". A produção poderia ter caído mais para os arrabaldes, onde a noite também ferve. A maior casa noturna de SP, por exemplo, é o Patativa, nas quebradas da zona sul.


Movimento Urbano   
Quando: hoje, às 21h30, no GNT



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