São Paulo, terça-feira, 20 de março de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Montagem de risco é destaque em mostra no Itaú

Telas vistas na horizontal, próximas ao chão, estão entre as inovações de exposição com 127 obras contemporâneas

Curadoria de Teixeira Coelho selecionou obras de nomes como Paulo Pasta, Janaina Tschäpe, Marco Giannotti e João Câmara

MARIO GIOIA
DA REPORTAGEM LOCAL

Como expor mais de uma centena de obras de arte contemporânea, de diversos suportes e linguagens, em um espaço de dimensões reduzidas?
A resposta pode ser vista pelo público a partir de amanhã no Itaú Cultural, na mostra "Itaú Contemporâneo - Arte no Brasil 1981-2006". A questão perturbou o curador da exposição, Teixeira Coelho (também curador do Masp), que optou por uma montagem com lances arriscados, assinada por Bia Lessa.
Lessa, entre outras "inversões", dispôs em um dos espaços as telas, normalmente vistas em paredes, na horizontal, em cima de pequenas bases no chão. Espelhos foram colocados no teto para ampliar a percepção de obras de Arthur Luiz Piza, Hércules Barsotti, Marco Giannotti e Paulo Pasta, entre outros. Passarelas ficam ao lado das obras e possibilitam ângulos inusuais para o público. "Foi um risco calculado. Mas acho que, ao expor arte contemporânea, tem de haver um espaço para o experimental na montagem", avalia Coelho.
Lessa assinou a polêmica montagem do módulo barroco na "Mostra do Redescobrimento", em 2000, mal recebida por críticos que acharam que foi dada mais ênfase à cenografia que às obras expostas.
A curadoria de Coelho centrou o seu foco na produção dos anos 80 até hoje, fazendo um corte de 127 trabalhos dentro do universo de 500 da coleção Itaú. Ele utilizou três eixos principais -A Persistência da Beleza, Na Linha da Idéia e Multitudo- para tentar abarcar todo o hibridismo presente na produção contemporânea.
Assim, por exemplo, as paisagens podem ser de grande plasticidade -como as vistas em fotografias de João Musa e Caio Reisewitz- ou se destacarem pelo imperfeito -como as de Janaina Tschäpe, Marina Saleme e Adriana Rocha.
E algumas preferências do curador revelam bons trabalhos de artistas hoje sem muita evidência, como Valdir Sarubbi (1939-2000), João Câmara e Hudinilson Jr. Dele, a precariedade das obras em xerox dos anos 80 ainda guarda grande atualidade.


ITAÚ CONTEMPORÂNEO - ARTE NO BRASIL 1981-2006
Quando:
abertura hoje, às 19h30 (convidados); de ter. a sex., das 10h às 21h, sáb. e dom., das 10h às 19h; até 27/5
Onde: Itaú Cultural (av. Paulista, 149, SP, tel. 0/xx/11/2168-1776)
Quanto: entrada franca


Texto Anterior: Cecilia Giannetti: Mendigos de estimação
Próximo Texto: Comentário: Catálogo deixa de lado divergências
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.