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FESTIVAL INTERNACIONAL
Edição 2000 do evento teatral vai acontecer em maio e junho
Londrina amplia território do palco para o universo social
da Redação
"A produção cultural não pode ficar nas mãos de mercadores. Ela tem de ter um tratamento diferenciado, precisa que o
próprio artista transite por essa
área com ética e sensibilidade."
As palavras são de Nitis Jacon,
64, diretora do Festival Internacional de Londrina (Filo), e molduram a programação especial
deste ano, a 33ª edição, de 1º de
maio a 18 de junho.
No "Filo 2000 - Ano 0, de Todas as Artes", Nitis espera amadurecer o conceito sociocultural
que emprega em seu festival, expandindo o raio de ação dos
palcos para ruas, instituições
voltadas para menores carentes,
assentados (ex-sem-terra) e
universidades, entre outros setores. Pelo menos são eles que
compõem o público-alvo de 24
projetos integrados à programação de artes cênicas.
O evento quer chamar para si
"a responsabilidade de traçar
paradigmas de ação cultural".
"Durante os últimos anos, a
gente ensaiou alguns passos
nessa direção. Agora, assumimos a ousadia da perspectiva
político-cultural, de incursionar
pela comunidade da periferia,
pelos grupos excluídos", afirma
Nitis. A idéia é despertar o potencial de artistas "esterilizados" pela indústria cultural.
O subtítulo "Ano 0, de Todas
as Artes" não tem a pretensão
de "medir o infinito". "É o ano 0
porque não sabemos quando
será o ano 1, o que seria rotular
as artes. Não sabemos sequer
quais são todas as artes, mas
desejamos que elas tenham
guarida no Filo."
E o menu das artes cênicas
deste anos deve corresponder
às edições anteriores em qualidade, que já tiveram o mestre
da dança butô Kazuo Ohno ou
o grupo dinamarquês Odin
Theatre, para citar dois nomes
do primeiro time.
A programação, que contempla maio e junho, traz no primeiro mês duas companhias
espanholas: Carles Santos ("La
Pantera Imperial") e Torteil
Poltrona ("Pós-Classic"). Aliás,
as atrações da Espanha dominam a grade internacional com
cinco montagens.
Em junho, destacam-se os
húngaros do Mozgo Hás Társulás, os austríacos do Eggner
Trio, o inglês Gilles Jobin e a argentina Helena Tritek.
"Prêt-à-Porter 3", do Centro
de Pesquisa Teatral (CPT), de
São Paulo, coordenado por Antunes Filho, compõe a programação nacional ao lado de
companhias como Los Catedrásticos, da Bahia ("Novíssima Poesia Baiana"), Os Privilegiados ("Tudo no Timing"),
Cia. do Latão ("O Nome do Sujeito") e Cemitério de Automóveis ("Efeito Urtigão").
Na linha "grandes nomes do
teatro brasileiro", Gianfrancesco Guarnieri declamará textos
do poeta João Cabral de Melo
Neto; o diretor Augusto Boal
encena sua "sambópera", "Carmem"; e a atriz Denise Stoklos
mostra performance baseada
no trabalho da artista plástica
francesa Louise Bourgeois.
A dança nacional desponta
com a Cia. Ur=Hor, de Belo Horizonte ("Magazin"); e Verve
Cia. de Dança, de Campo Mourão, PR ("Truveja Pra Nóis Chorá"). A organização do Filo espera atrair um público de 150
mil espectadores, entre palco e
rua. O orçamento é de R$ 2,5
milhões.
(VS)
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