São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2000


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FESTIVAL INTERNACIONAL
Edição 2000 do evento teatral vai acontecer em maio e junho
Londrina amplia território do palco para o universo social

da Redação

"A produção cultural não pode ficar nas mãos de mercadores. Ela tem de ter um tratamento diferenciado, precisa que o próprio artista transite por essa área com ética e sensibilidade."
As palavras são de Nitis Jacon, 64, diretora do Festival Internacional de Londrina (Filo), e molduram a programação especial deste ano, a 33ª edição, de 1º de maio a 18 de junho.
No "Filo 2000 - Ano 0, de Todas as Artes", Nitis espera amadurecer o conceito sociocultural que emprega em seu festival, expandindo o raio de ação dos palcos para ruas, instituições voltadas para menores carentes, assentados (ex-sem-terra) e universidades, entre outros setores. Pelo menos são eles que compõem o público-alvo de 24 projetos integrados à programação de artes cênicas.
O evento quer chamar para si "a responsabilidade de traçar paradigmas de ação cultural". "Durante os últimos anos, a gente ensaiou alguns passos nessa direção. Agora, assumimos a ousadia da perspectiva político-cultural, de incursionar pela comunidade da periferia, pelos grupos excluídos", afirma Nitis. A idéia é despertar o potencial de artistas "esterilizados" pela indústria cultural.
O subtítulo "Ano 0, de Todas as Artes" não tem a pretensão de "medir o infinito". "É o ano 0 porque não sabemos quando será o ano 1, o que seria rotular as artes. Não sabemos sequer quais são todas as artes, mas desejamos que elas tenham guarida no Filo."
E o menu das artes cênicas deste anos deve corresponder às edições anteriores em qualidade, que já tiveram o mestre da dança butô Kazuo Ohno ou o grupo dinamarquês Odin Theatre, para citar dois nomes do primeiro time.
A programação, que contempla maio e junho, traz no primeiro mês duas companhias espanholas: Carles Santos ("La Pantera Imperial") e Torteil Poltrona ("Pós-Classic"). Aliás, as atrações da Espanha dominam a grade internacional com cinco montagens.
Em junho, destacam-se os húngaros do Mozgo Hás Társulás, os austríacos do Eggner Trio, o inglês Gilles Jobin e a argentina Helena Tritek.
"Prêt-à-Porter 3", do Centro de Pesquisa Teatral (CPT), de São Paulo, coordenado por Antunes Filho, compõe a programação nacional ao lado de companhias como Los Catedrásticos, da Bahia ("Novíssima Poesia Baiana"), Os Privilegiados ("Tudo no Timing"), Cia. do Latão ("O Nome do Sujeito") e Cemitério de Automóveis ("Efeito Urtigão").
Na linha "grandes nomes do teatro brasileiro", Gianfrancesco Guarnieri declamará textos do poeta João Cabral de Melo Neto; o diretor Augusto Boal encena sua "sambópera", "Carmem"; e a atriz Denise Stoklos mostra performance baseada no trabalho da artista plástica francesa Louise Bourgeois.
A dança nacional desponta com a Cia. Ur=Hor, de Belo Horizonte ("Magazin"); e Verve Cia. de Dança, de Campo Mourão, PR ("Truveja Pra Nóis Chorá"). A organização do Filo espera atrair um público de 150 mil espectadores, entre palco e rua. O orçamento é de R$ 2,5 milhões. (VS)


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