São Paulo, quinta-feira, 20 de abril de 2006

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POR QUE UMA MULHER CHORA NO SHOW DE WANDER?

Ele nos faz lembrar caras bacanas

COLUNISTA DA FOLHA

"Não tenho dinheiro no bolso, eu não tenho nada. Apenas um lenço molhado de lágrimas e a minha guitarra." Ver um homem sozinho num palco (que na verdade é um tapete) cantando uma coisa dessas dói fundo no coração. Faz qualquer mulher sentada ali no porão do Camalehon se lembrar dos caras que a gente já fez sofrer. Que garota nunca fez um homem chorar? Que mulher nunca foi cruel e largou um homem "chorando na praça", como canta Wander Wildner em "Dormi na Praça", de Bruno e Marrone?
No porão e sem pirotecnias, Wander nos faz lembrar daqueles homens de verdade e bacanas que já tivemos (e teremos). Aqueles caras normais, que sonham em ter um Maverick com motor V8 (duvido que alguma mulher saiba do que se trata um motor V8), andam em uma mobilete vermelha e amam Iggy Pop. Outro cover, o de "Candy", também é de chorar.
Wildner faz um iê-iê-iê com a sua dor. Mas passa a imagem de um homem que sofre. E homens passionais, nestes tempos em que a dor é tão camuflada e ajustada ao design "sofra, mas não perca a sua dignidade", emocionam.
Um homem de verdade cai no chão e paga mico por amor. Ele usa uma "camiseta escrita eu te amo" (do hit homônimo), "se entorpece bebendo vinho e segue só com os seus amigos" (de "Bebendo Vinho"). Homem que é homem chora e cai no chão. E não precisa de mais que uma guitarra e uma garrafa de vinho para afogar a dor. E de um lenço. (NL)

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