São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

LITERATURA

Autora octogenária portuguesa foi escolhida por recriar "um universo romanceado de incomparável riqueza"

Bessa-Luís entra para a galeria do Prêmio Camões

DA REPORTAGEM LOCAL

Afeita a temas memorialísticos e autora, entre outros, de "A Muralha" (1957), "Ternos Guerreiros" (1960), "As Pessoas Felizes" (1975) e "Vale Abraão" (1991), a portuguesa Agustina Bessa-Luís, 81, venceu a edição 2004 do Prêmio Camões, que oferece anualmente 100 mil (R$ 372 mil) a um autor de língua portuguesa, pelo conjunto de sua obra.
O prêmio foi criado em 1988 pelos governos português e brasileiro. Uma comissão formada por especialistas de países que têm o português como língua oficial define, a cada ano, o vencedor.
O escritor Zuenir Ventura e a editora Heloísa Buarque de Hollanda (Aeroplano) foram os representantes brasileiros na comissão julgadora desta edição. Os demais jurados foram os portugueses Eduardo Prado Coelho e Vasco Graça Moura, o moçambicano Lourenço Rosário e o cabo-verdiano Germano Almeida.
A literatura de Bessa-Luís foi descrita pelo júri como capaz de recriar "um universo romanceado de incomparável riqueza, contribuindo para o enriquecimento literário e cultural da língua".
Bessa-Luís estreou na literatura com "Mundo Fechado", em 1948. Poucos anos mais tarde, foi reconhecida por "A Sibila", vencedor dos prêmios Delfim Guimarães (1953) e Eça de Queiroz (1954).
"É uma escritora de obra extensa, em que a imaginação está presente de forma fulgurante. Tudo isso expresso num estilo muito característico", diz o professor brasileiro Massaud Moisés, especialista em literatura portuguesa.
Moisés aponta que Bessa-Luís possui "uma observação da realidade minuciosa, concreta, mas com grande capacidade de invenção, de construção de narrativas e reconstituição de cenas, o que faz dela uma das grandes escritoras portuguesas do século 20, ao lado de Vergilio Ferreira".
Autora de mais de 50 títulos, Bessa-Luís foi tema de um congresso internacional, realizado na Universidade Fernando Pessoa, no Porto (Portugal), em 1998, quando se completaram 50 anos de sua primeira publicação.
Entre os brasileiros convidados a discutir a obra da escritora no congresso estavam Moisés, Lélia Duarte e Tânia Carvalhal.
Sobre possíveis influências na obra da Bessa-Luís, Moisés afirma que, "por tratar da reconstituição, sempre tendo em vista a memória e o passado, faz pensar em alguém que, se não leu abundantemente [Marcel] Proust [1871-1922], caminha naquela direção".
Paralelamente à atividade de escritora, Bessa-Luís dirigiu o jornal "O Primeiro de Janeiro", entre 1986 e 1987, e o Teatro Nacional Dona Maria 2, de 1990 a 1993.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Mônica Bergamo
Próximo Texto: Teatro: Thomas e Nanini movem rins e fígados
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.