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LITERATURA
Autora octogenária portuguesa foi escolhida por recriar "um universo romanceado de incomparável riqueza"
Bessa-Luís entra para a galeria do Prêmio Camões
DA REPORTAGEM LOCAL
Afeita a temas memorialísticos
e autora, entre outros, de "A Muralha" (1957), "Ternos Guerreiros" (1960), "As Pessoas Felizes"
(1975) e "Vale Abraão" (1991), a
portuguesa Agustina Bessa-Luís,
81, venceu a edição 2004 do Prêmio Camões, que oferece anualmente 100 mil (R$ 372 mil) a
um autor de língua portuguesa,
pelo conjunto de sua obra.
O prêmio foi criado em 1988 pelos governos português e brasileiro. Uma comissão formada por
especialistas de países que têm o
português como língua oficial define, a cada ano, o vencedor.
O escritor Zuenir Ventura e a
editora Heloísa Buarque de Hollanda (Aeroplano) foram os representantes brasileiros na comissão julgadora desta edição. Os
demais jurados foram os portugueses Eduardo Prado Coelho e
Vasco Graça Moura, o moçambicano Lourenço Rosário e o cabo-verdiano Germano Almeida.
A literatura de Bessa-Luís foi
descrita pelo júri como capaz de
recriar "um universo romanceado de incomparável riqueza, contribuindo para o enriquecimento
literário e cultural da língua".
Bessa-Luís estreou na literatura
com "Mundo Fechado", em 1948.
Poucos anos mais tarde, foi reconhecida por "A Sibila", vencedor
dos prêmios Delfim Guimarães
(1953) e Eça de Queiroz (1954).
"É uma escritora de obra extensa, em que a imaginação está presente de forma fulgurante. Tudo
isso expresso num estilo muito
característico", diz o professor
brasileiro Massaud Moisés, especialista em literatura portuguesa.
Moisés aponta que Bessa-Luís
possui "uma observação da realidade minuciosa, concreta, mas
com grande capacidade de invenção, de construção de narrativas e
reconstituição de cenas, o que faz
dela uma das grandes escritoras
portuguesas do século 20, ao lado
de Vergilio Ferreira".
Autora de mais de 50 títulos,
Bessa-Luís foi tema de um congresso internacional, realizado na
Universidade Fernando Pessoa,
no Porto (Portugal), em 1998,
quando se completaram 50 anos
de sua primeira publicação.
Entre os brasileiros convidados
a discutir a obra da escritora no
congresso estavam Moisés, Lélia
Duarte e Tânia Carvalhal.
Sobre possíveis influências na
obra da Bessa-Luís, Moisés afirma
que, "por tratar da reconstituição,
sempre tendo em vista a memória
e o passado, faz pensar em alguém
que, se não leu abundantemente
[Marcel] Proust [1871-1922], caminha naquela direção".
Paralelamente à atividade de escritora, Bessa-Luís dirigiu o jornal
"O Primeiro de Janeiro", entre
1986 e 1987, e o Teatro Nacional
Dona Maria 2, de 1990 a 1993.
Com agências internacionais
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