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GASTRONOMIA
Itália sedia a primeira universidade da comida
SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO
Na cidade com o sugestivo nome de Pollenzo, localizada no
norte da Itália, acabou de ser fundada a primeira universidade totalmente voltada para os assuntos
da arte culinária.
A Universidade de Ciências
Gastronômicas, com início de
ano letivo em outubro próximo,
terá o ingresso de 60 estudantes
por ano com proveniência de vários países, entre eles o Brasil -as
490 inscrições recebidas ainda estão sendo avaliadas e há registro
de número expressivo de candidatos do país.
No campus de Pollenzo, abrigado em um edifício de 7.000 m2
construído no século 19 -que foi
propriedade do rei Carlo Alberto
e onde era a sede da antiga Academia Real de Agricultura Italiana-, também funcionarão um
hotel, um restaurante e uma adega com vinhos de todas as regiões
italianas.
A empreitada tomou investimentos de 21 milhões e manejará um orçamento anual de 3,5
milhões. Entre seus financiadores
estão as regiões de Emilia Romagna e do Piemonte, bancos e cerca
de cem produtores de vinhos, café
e massas.
A instituição foi concebida por
seguidores da slow food, movimento organizado em 1989 na cidade italiana de Bra pelo jornalista Carlo Petrini. Valoriza a degustação desapressada de pratos com
sabores e aromas regionais e, obviamente, contrapõe-se ao tipo de
cozinha praticada por McDonald's e congêneres.
Vittorio Manganelli, diretor da
universidade, explica à Folha que
"a partir do desenvolvimento dos
preceitos da slow food, tornou-se
necessário um nível mais elevado
dos estudos da gastronomia e, em
1997, demos início ao processo de
criação de uma universidade".
Apesar da filiação ao movimento,
Manganelli diz que a instituição
abarcará outras correntes gastronômicas em suas disciplinas acadêmicas.
Mas, curiosamente, o intuito
em Pollenzo -e em Colorno, na
região de Parma, onde funcionará
o outro campus da universidade- não é a formação de chefs,
como já o faz o Cordon Bleu francês e outras escolas tradicionais
do gênero. A ênfase será dada no
ensino das etapas que circundam
a elaboração de pratos, mas que
não requerem necessariamente
colocar a mão na massa.
"O nosso interesse está na formação de pessoas jovens que possam se tornar responsáveis pelas
fases de administração e distribuição em restaurantes e empresas ou de críticos e jornalistas especializados. Já existem muitas
escolas voltadas para quem pretende se tornar chef", afirma
Manganelli.
Portanto, incursões dos alunos
à cozinha terão como objetivo
maior conhecer os itens necessários para a sua construção. Outras
tarefas do dia incluirão o estudo
de conceitos básicos de química,
botânica e economia, além das relações entre comida e sociologia,
história e artes.
O custo anual na Universidade
de Ciências Gastronômicas será
salgado, principalmente para os
alunos brasileiros: 19 mil, o
equivalente a cerca de R$ 70 mil.
As inscrições para a turma que
tem início em outubro já se encerraram no começo deste ano. Mais
informações sobre a instituição
podem ser obtidas por meio do site www.unisg.it ou pelo e-mail
info@unisg.it.
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