São Paulo, quinta-feira, 20 de maio de 2004

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GASTRONOMIA

Itália sedia a primeira universidade da comida

SHIN OLIVA SUZUKI
DA REDAÇÃO

Na cidade com o sugestivo nome de Pollenzo, localizada no norte da Itália, acabou de ser fundada a primeira universidade totalmente voltada para os assuntos da arte culinária.
A Universidade de Ciências Gastronômicas, com início de ano letivo em outubro próximo, terá o ingresso de 60 estudantes por ano com proveniência de vários países, entre eles o Brasil -as 490 inscrições recebidas ainda estão sendo avaliadas e há registro de número expressivo de candidatos do país.
No campus de Pollenzo, abrigado em um edifício de 7.000 m2 construído no século 19 -que foi propriedade do rei Carlo Alberto e onde era a sede da antiga Academia Real de Agricultura Italiana-, também funcionarão um hotel, um restaurante e uma adega com vinhos de todas as regiões italianas.
A empreitada tomou investimentos de 21 milhões e manejará um orçamento anual de 3,5 milhões. Entre seus financiadores estão as regiões de Emilia Romagna e do Piemonte, bancos e cerca de cem produtores de vinhos, café e massas.
A instituição foi concebida por seguidores da slow food, movimento organizado em 1989 na cidade italiana de Bra pelo jornalista Carlo Petrini. Valoriza a degustação desapressada de pratos com sabores e aromas regionais e, obviamente, contrapõe-se ao tipo de cozinha praticada por McDonald's e congêneres.
Vittorio Manganelli, diretor da universidade, explica à Folha que "a partir do desenvolvimento dos preceitos da slow food, tornou-se necessário um nível mais elevado dos estudos da gastronomia e, em 1997, demos início ao processo de criação de uma universidade". Apesar da filiação ao movimento, Manganelli diz que a instituição abarcará outras correntes gastronômicas em suas disciplinas acadêmicas.
Mas, curiosamente, o intuito em Pollenzo -e em Colorno, na região de Parma, onde funcionará o outro campus da universidade- não é a formação de chefs, como já o faz o Cordon Bleu francês e outras escolas tradicionais do gênero. A ênfase será dada no ensino das etapas que circundam a elaboração de pratos, mas que não requerem necessariamente colocar a mão na massa.
"O nosso interesse está na formação de pessoas jovens que possam se tornar responsáveis pelas fases de administração e distribuição em restaurantes e empresas ou de críticos e jornalistas especializados. Já existem muitas escolas voltadas para quem pretende se tornar chef", afirma Manganelli.
Portanto, incursões dos alunos à cozinha terão como objetivo maior conhecer os itens necessários para a sua construção. Outras tarefas do dia incluirão o estudo de conceitos básicos de química, botânica e economia, além das relações entre comida e sociologia, história e artes.
O custo anual na Universidade de Ciências Gastronômicas será salgado, principalmente para os alunos brasileiros: 19 mil, o equivalente a cerca de R$ 70 mil. As inscrições para a turma que tem início em outubro já se encerraram no começo deste ano. Mais informações sobre a instituição podem ser obtidas por meio do site www.unisg.it ou pelo e-mail info@unisg.it.


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