GABRIELA LONGMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Existem dois motivos que tornam a montagem de "Os Gigantes da Montanha, Antes", pela Companhia Satélite, interessante: a adaptação de um texto de Pirandello -sempre ele- e a inauguração de um novo espaço na Vila Madalena, o Espaço Ato.
Comecemos pelo texto: escrito por Pirandello (1867-1936) no ano de sua morte, "Os Gigantes da Montanha" ficou inacabado, cabendo a seu filho seguir as orientações do pai para terminá-lo. O conflito gira em torno de uma companhia de teatro miserável ("a trupe da condessa"), condenada a representar uma peça para a população ignorante e violenta de um vilarejo.
Com um processo coordenado pelo diretor Maurício Paroni de Castro, a companhia Satélite revirou o texto: a "trupe da condessa" do original pirandelliano converte-se na própria Companhia Satélite, que encena histórias, confissões e fragmentos dos próprios autores. "A temática é a da crise de papéis, que é exatamente a problemática de Pirandello", comenta o diretor.
Para a adaptação, ele aproveitou os 15 anos vividos na Itália e um elenco formado basicamente por mulheres - cinco atrizes e um ator- entre elas, Maria Manoella, que atuou ao lado de Cleyde Yáconis em "Cinema Éden"
"A relação das cinco atrizes é muito intensa", explica o diretor. "Elas convivem como irmãs teatrais. Foi um pouco dessa relação que procurei levar ao palco."

Olhos para a rua
É difícil definir o novo espaço: não é um teatro, não é um café, não é um bar. Na casa funciona a produtora cultural Ato, que agora se propõe a abrigar performances, saraus e pequenos espetáculos. Castro começou usando a casa na Vila Madalena para ensaios, mas percebeu que a abertura para a rua tornava a sala perfeita para a montagem: o espetáculo começa e termina ao ar livre, na calçada.