São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2008

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Sinfônica traz batuta inspirada

Grupo de Moscou se apresenta no Brasil com estímulo musical do maestro Vladimir Fedossêiev

Repertório de hoje começa com Beethoven; amanhã, tem só "especialidades da casa", com Tchaikovski, que dá nome à orquestra

IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Levando o nome do mais célebre compositor russo de todos os tempos e sob a batuta de uma das mais respeitadas personalidades musicais de seu país, a Sinfônica Tchaikovski, de Moscou, dirigida por Vladimir Fedossêiev, toca hoje e amanhã, na Sala São Paulo, na série do Mozarteum Brasileiro, e na quinta-feira, no Rio, na sala Cecília Meireles.
Em 1996, quando o maestro esteve por aqui pela última vez (a orquestra veio sem ele no ano 2000), os músicos ganhavam um salário de US$ 50 -e Fedossêiev colaborava com dinheiro de seu próprio bolso para complementar o orçamento da sinfônica.
Hoje, a remuneração mensal é de US$ 700. "Claro que não é suficiente, porque os preços sobem todos os dias", afirma o regente. A complementação de renda acontece com as constantes gravações e viagens, embora não seja o caso das apresentações sul-americanas.
"Essa turnê teria 21 concertos, mas, no fim, foram apenas sete", queixa-se. "Como resultado, não estamos ganhando dinheiro com ela -somos um pouco como turistas que vão tocar na América do Sul."

Antiga URSS
Fundado em 1930, o grupo lançou inúmeros discos com a denominação de Grande Orquestra Sinfônica da Rádio e TV da URSS. Com a dissolução do regime soviético, a emissora foi privatizada, liquidando seus vínculos com a sinfônica.
Rebatizada, em 1993, como Orquestra Sinfônica Tchaikovski, ela caiu sob a tutela do Ministério da Cultura da Federação Russa, recebendo ainda patrocínio da Lukoil, a grande estatal petrolífera moscovita.
Nascido em São Petersburgo e filho de um tocador de bayan (acordeão russo), Fedossêiev esteve sob os auspícios de Ievguêni Mravinski (1903-1988), o legendário regente que, durante meio século, moldou a sonoridade da Filarmônica de Leningrado. Em 1974, assumiu a direção da orquestra que traz ao Brasil e, em Moscou, é voz corrente que existem duas Sinfônicas Tchaikovski: uma monótona e pouco inspirada, quando se apresenta sem ele; e outra, altamente musical e estimulada, sob sua batuta.
Hoje e na quinta-feira, o programa abre com a sétima sinfonia de Beethoven, seguida por duas abordagens musicais do "Romeu e Julieta", de William Shakespeare, feitas por compositores russos: a suíte do balé de Prokofiev e a fantasia sinfônica de Tchaikovski.
Amanhã, o repertório traz exclusivamente "especialidades da casa", com a colorida e virtuosística suíte sinfônica "Sheherazade", de Rimski-Korsakov (inspirada pelo "Livro das Mil e Uma Noites"), e a arrebatada quinta sinfonia, de Tchaikovski.
"Tendo recebido o nome dele, nós esperamos tocar Tchaikovski direito", afirma Fedossêiev. "Mas, em Moscou, fazemos um repertório internacional bastante variado." Os mais recentes lançamentos fonográficos do grupo, efetivamente, abordam o cerne da música germânica: em 2007, o selo Relief lançou a integral das sinfonias de Beethoven, enquanto, neste ano, saíram, pela Warner Classical & Jazz Lontano, as quatro sinfonias de Brahms.
No terreno russo, a Arthaus Musik vem colocando no mercado, em DVD, um ciclo com a música sinfônica de Tchaikovski, registrado em 1991. O primeiro volume traz as "Variações Rococó", tendo como solista o violoncelista pernambucano Antonio Meneses.


ORQUESTRA SINFÔNICA TCHAIKOVSKI
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3223-3966)
Quanto: de R$ 90 a R$ 240
Classificação indicativa: livre



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