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Sinfônica traz batuta inspirada
Grupo de Moscou se apresenta no Brasil com estímulo musical do maestro Vladimir Fedossêiev
Repertório de hoje começa com Beethoven; amanhã, tem só "especialidades da casa", com Tchaikovski, que dá nome à orquestra
IRINEU FRANCO PERPETUO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Levando o nome do mais célebre compositor russo de todos os tempos e sob a batuta de
uma das mais respeitadas personalidades musicais de seu
país, a Sinfônica Tchaikovski,
de Moscou, dirigida por Vladimir Fedossêiev, toca hoje e
amanhã, na Sala São Paulo, na
série do Mozarteum Brasileiro,
e na quinta-feira, no Rio, na sala Cecília Meireles.
Em 1996, quando o maestro
esteve por aqui pela última vez
(a orquestra veio sem ele no
ano 2000), os músicos ganhavam um salário de US$ 50 -e
Fedossêiev colaborava com dinheiro de seu próprio bolso para complementar o orçamento
da sinfônica.
Hoje, a remuneração mensal
é de US$ 700. "Claro que não é
suficiente, porque os preços sobem todos os dias", afirma o regente. A complementação de
renda acontece com as constantes gravações e viagens, embora não seja o caso das apresentações sul-americanas.
"Essa turnê teria 21 concertos, mas, no fim, foram apenas
sete", queixa-se. "Como resultado, não estamos ganhando
dinheiro com ela -somos um
pouco como turistas que vão
tocar na América do Sul."
Antiga URSS
Fundado em 1930, o grupo
lançou inúmeros discos com a
denominação de Grande Orquestra Sinfônica da Rádio e
TV da URSS. Com a dissolução
do regime soviético, a emissora
foi privatizada, liquidando seus
vínculos com a sinfônica.
Rebatizada, em 1993, como
Orquestra Sinfônica Tchaikovski, ela caiu sob a tutela do
Ministério da Cultura da Federação Russa, recebendo ainda
patrocínio da Lukoil, a grande
estatal petrolífera moscovita.
Nascido em São Petersburgo
e filho de um tocador de bayan
(acordeão russo), Fedossêiev
esteve sob os auspícios de Ievguêni Mravinski (1903-1988), o
legendário regente que, durante meio século, moldou a sonoridade da Filarmônica de Leningrado. Em 1974, assumiu a
direção da orquestra que traz
ao Brasil e, em Moscou, é voz
corrente que existem duas Sinfônicas Tchaikovski: uma monótona e pouco inspirada,
quando se apresenta sem ele; e
outra, altamente musical e estimulada, sob sua batuta.
Hoje e na quinta-feira, o programa abre com a sétima sinfonia de Beethoven, seguida por
duas abordagens musicais do
"Romeu e Julieta", de William
Shakespeare, feitas por compositores russos: a suíte do balé de
Prokofiev e a fantasia sinfônica
de Tchaikovski.
Amanhã, o repertório traz
exclusivamente "especialidades da casa", com a colorida e
virtuosística suíte sinfônica
"Sheherazade", de Rimski-Korsakov (inspirada pelo "Livro das Mil e Uma Noites"), e a
arrebatada quinta sinfonia, de
Tchaikovski.
"Tendo recebido o nome dele, nós esperamos tocar Tchaikovski direito", afirma Fedossêiev. "Mas, em Moscou, fazemos um repertório internacional bastante variado."
Os mais recentes lançamentos fonográficos do grupo, efetivamente, abordam o cerne da
música germânica: em 2007, o
selo Relief lançou a integral das
sinfonias de Beethoven, enquanto, neste ano, saíram, pela
Warner Classical & Jazz Lontano, as quatro sinfonias de
Brahms.
No terreno russo, a Arthaus
Musik vem colocando no mercado, em DVD, um ciclo com a
música sinfônica de Tchaikovski, registrado em 1991. O primeiro volume traz as "Variações Rococó", tendo como solista o violoncelista pernambucano Antonio Meneses.
ORQUESTRA SINFÔNICA TCHAIKOVSKI
Quando: hoje e amanhã, às 21h
Onde: Sala São Paulo (pça. Júlio Prestes, s/nº, tel. 0/xx/11/3223-3966)
Quanto: de R$ 90 a R$ 240
Classificação indicativa: livre
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