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Maior encontro editorial do mundo é marcado pelo e-book
Feira de Frankfurt, que terminou no domingo, deve homenagear Brasil em 2013
MARCOS STRECKER
ENVIADO ESPECIAL A FRANKFURT
A maior feira de livros do
mundo, em Frankfurt, se rendeu ao digital. O grande tema
do evento, que se encerrou anteontem, foi o livro eletrônico.
E quem deu o tom foi Jeff Bezos, fundador da Amazon.com,
que nem foi à feira. Uma semana antes do começo do evento,
a livraria virtual americana
anunciou a venda para mais de
cem países do Kindle, o seu leitor eletrônico. Isso obrigou o
mercado editorial a se posicionar e precipitou a ação dos
principais concorrentes. É o caso do Google, que divulgou em
Frankfurt o projeto do Google
Edition, a venda de livros digitais para diferentes plataformas, a partir de 2010.
Para os brasileiros, esse
avanço do eletrônico também
acelerou tudo. Com a chegada
do Kindle no país, iniciada oficialmente ontem, pelo menos
uma grande editora já vai aproveitar a plataforma eletrônica
para um lançamento de peso. A
Ediouro vai lançar "O Seminarista", novo romance de Rubem
Fonseca, também para o aparelho da Amazon, já a partir de 5
de novembro. "Será no máximo
uma semana depois", disse o
editor Paulo Roberto Pires.
Grandes editoras brasileiras
foram convidadas a conversar
com a Amazon em Frankfurt,
assim como a Câmara Brasileira do Livro. Foram feitas ofertas de comercialização sem exclusividade para a gigante americana. Muitas dúvidas sobre o
formato comercial persistem,
mas algumas editoras estão otimistas. Isso pode levar em breve a vários lançamentos nacionais para o leitor eletrônico.
Já editoras como a Objetiva,
de Roberto Feith, acham que o
Kindle terá competidores à altura em aparelhos como o iPod.
"Também há muita dúvida sobre como ficarão os contratos
anteriores", dos livros publicados antes do avanço do digital,
aponta a principal agente literária brasileira, Lucia Riff.
Os debates sobre o assunto
foram concorridos e provocaram o comentário irônico de
que o evento tinha virado uma
"feira de mídias". Executivos da
Amazon e do Google disputaram espaço com editores veteranos, empresas tradicionais se
dedicaram ao assunto, e teve
até ex-editora da poderosa
HarperCollins, Jane Friedman,
que aproveitou a feira para lançar uma empresa dedicada à integração de mídias. Pela primeira vez, o Tools of Change,
evento tradicional sobre novas
tecnologias de Nova York, também aconteceu na Alemanha.
Em resposta à polêmica chinesa -críticas pela homenagem a um país que pratica a
censura-, a feira alemã demitiu ontem seu diretor de projetos, Peter Ripkin, alegando
"problemas de compreensão".
Já no universo propriamente
literário, marcaram presença
Günter Grass, sua colega de
Nobel Herta Müller, a canadense Margareth Atwood e o
holandês Cees Nooteboom.
A feira teve uma ligeira queda
no número de participantes
-até sábado, uma cifra cerca de
4,5% inferior a 2008, que teve
um montante de 299 mil. O clima foi de cautela por conta da
crise que atinge EUA e Europa,
e vários estandes encolheram.
Essa prudência contrasta
com o otimismo no mercado
brasileiro, que tem uma razão
extra para comemorar.
Antes da Copa-2014 e da
Olimpíada-2016, o Brasil também poderá atrair a atenção internacional no evento. A Feira
deve ter em 2013 o país como
convidado de honra. A Folha
apurou que as negociações estão avançadas entre o Ministério da Cultura e o evento. Até o
final do ano, é esperado no Brasil o diretor da feira, Jürgen
Boos, para fechar a participação. Em 2010, o país convidado
será a Argentina. O Brasil já foi
homenageado antes, em 1994.
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