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FILMES
TV ABERTA
Fisher reconta clássico de terror em "Frankenstein"
Auto da Compadecida
Globo, 12h50.
Brasil, 2000, 95 min. Direção: Guel Arraes.
Com Fernanda Montenegro, Matheus
Nachtergaele, Selton Mello, Rogério
Cardoso, Lima Duarte. O filme é
inspirado na peça de Ariano Suassuna e
é, a rigor, uma versão curta da minissérie
exibida pela emissora em 1999. As
aventuras dos sertanejos João Grilo
(Nachtergaele) e Chicó (Mello), suas
alegres pilantragens na Terra e,
sobretudo, seu julgamento no céu são o
assunto. A base é muito forte e mesmo os
acréscimos não incomodam. A direção
de Guel Arraes nem sempre é feliz, os
efeitos especiais são gratuitos, e a
seqüência celeste prima pela cenografia
de mau gosto.
Um Ato de Coragem
SBT, 20h30.
(John Q.). EUA, 2001, 118 min. Direção:
Nick Cassavetes. Com Denzel
Washington, Robert Duvall, Anne Heche,
James Woods, Eddie Griffin, Ray Liotta,
Kimberly Elise. Com esse elenco de
arromba, o filho de John Cassavetes
empenha-se em narrar a história de um
pai que, sem dinheiro, precisa de
tratamento para o filho, com problemas
cardíacos. Na falta de solução melhor, ele
invade um pronto-socorro e, sem muita
diplomacia, exige que receba os
cuidados adequados. Essa ação é puro
farol. O que o filme tem de mais
interessante é a peregrinação do pai em
busca de solução para o caso do filho.
Inédito.
Nova York Sitiada
Globo, 23h35.
(The Siege). EUA, 1998, 120 min. Direção:
Edward Zwick. Com Denzel Washington,
Annette Benning, Bruce Willis.
Terroristas plantam bombas por toda
Nova York. Os atores principais
representam instituições americanas
que se batem de diferentes maneiras
para encontrar os terroristas e desarmar
as bombas, quando não estão se
batendo entre si. Para ver e esquecer
rapidinho.
Sombras do Destino
SBT, 1h.
(Out of Nowhere). EUA, 1997, 120 min.
Direção: Charles Wilkinson. Com Lisa
Hartman Black, Lorne Cardinal, Babz
Chula. Lauren é o tipo da mulher que
devia fazer uma benzedura. Perde o
marido num acidente de carro. Depois,
ao partir em viagem com a filha, é
abalroada por um carro com ladrões em
fuga, é colocada inconsciente no carro
em que fugiam, enquanto a filha é
levada pelos ladrões. Por fim, como a
polícia a encontra no carro roubado, é
acusada por assassinato. Telefilme.
Rio da Traição
Bandeirantes, 1h10.
(The River Rat). EUA,1984, 93 min.
Direção: Tom Rickman. Com Tommy Lee
Jones, Martha Plimpton, Brian Dennehy.
O médico Dennehy primeiro ajuda
Tommy Lee a sair da cadeia, onde ficou
anos e anos sem culpa. Depois, quando
ele tenta se ajeitar na vida (inclusive
aprendendo a conviver com a filha), o
médico volta para apresentar a conta, e
não em termos muito gentis.
Os Maridos de Stepford
SBT, 2h45.
(The Stepford Husbands). EUA, 1996.
Direção: Fred Walton. Com Michael
Ontkean, Donna Mills, Cindy Williams,
Louise Fletcher. Casal muda para
Stepford, julgando estar fazendo o
negócio do século: não viram nenhum
dos inúmeros filmes anteriores, dando
conta dos distúrbios comportamentais
que caracterizam a cidade. Logo se vêem
às voltas com mulheres dispostas a tudo
para moldar seus maridos conforme o
que julgam ser o padrão do homem
perfeito. Desta vez Stepford não é tão
diferente do resto do mundo.
A Maldição de Frankenstein
SBT, 4h30.
(The Curse of Frankenstein). Inglaterra,
1957, 82 min. Direção: Terence Fisher.
Com Peter Cushing, Hazel Court. Embora
mais célebre por seus Drácula, aqui
Fisher reconta a história de Victor
Frankenstein e sua criatura. Só para São
Paulo.
(IA)
TV PAGA
O cinema possui mais do que histórias a contar
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
Um casal que assistia a "O Signo do Caos", de Rogério
Sganzerla, em São Paulo, há poucos dias, saiu do cinema no meio e
indignado com o que viu. "Não
tem história nenhuma." "Repete a
mesma coisa o tempo todo."
Pode crer: o espectador de cinema -ao contrário do leitor de livros ou do visitante de museus-
se acha com freqüência mais inteligente do que os próprios realizadores. Ele não é humilde diante da
criação. Embora entre não mais
de dez, 12 vezes por ano numa sala, acredita que sabe o que é cinema e se mostra pouco aberto a
discussões.
Certos filmes, como "O Signo
do Caos", ou os de Jacques Rivette, como "Quem Sabe?" (Telecine
Emotion, 22h), são substancialmente filmes de indagação. E só
vai se interessar por ele o espectador que busca descobrir o que o
cinema é (e mais: ele sabe que o
resultado da busca é, antes de
mais nada, a própria busca).
Ou seja: quem garante que um
filme deve "ter história"? Está na
Tábua da Lei ou algo assim? E o
que dizer de "Cidadão Kane", que
é uma não-história (a história da
impossibilidade de contar uma
história).
Bem, o filme "Quem Sabe?" até
tem uma história. No mais, até
uma história cômica sobre Camille (Jeanne Balibar), uma atriz que
volta a Paris após passar cinco
anos na Itália. Enquanto se dedica
ao teatro (sempre há o teatro, a representação, em Rivette), ela
reencontra uma série de pessoas.
Assim como há filmes "sem história", este de Rivette é "sem sedução", ou seja, suspende inteiramente a máquina de sedução que
é o cinema, não permite que o espectador se apaixone pela personagem ou por seu trajeto. Ele vê,
ele segue, ele acompanha esse filme que parece se gerar à sua frente, junto da peça que se monta e
da vida que se desenrola, sem
pressa. Ao longo de duas horas e
meia. É uma bela experiência.
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