São Paulo, domingo, 21 de janeiro de 2007

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Mônica Bergamo

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Chique no último

Ana Ottoni/Folha Imagem
Ana Elena, mãe do piloto Felipe Massa, parte de Botucatu em busca de suas grifes preferidas


Elas viajam do interior a São Paulo para aproveitar a temporada de liquidações e lançamentos das grifes que não encontram em suas cidades

São 15h de quarta-feira e Ana Elena Massa, 50, mãe do piloto Felipe Massa, passeia pelas vitrines da alameda Lorena, nos Jardins. Seu motorista acaba de estacionar o carro após duas horas de viagem de Botucatu até a capital. "Vim só para comprar um presente para as minhas sobrinhas", diz ela, entre as araras da loja Guaraná Brasil. Ana Elena vem a São Paulo ao menos duas vezes por mês para fazer compras. Adora. Suas grifes importadas prediletas são Dolce & Gabbana, Prada e Gucci.
 

Clientes do interior de São Paulo e de outros Estados são fundamentais para que as grifes de luxo fechem as contas no final do ano. Na Dior, são 40% do total de consumidores. A Bulgari contabiliza que a participação é de cerca de 35%. Na loja do estilista Reinaldo Lourenço, são 30%.
 

Quando chega à capital, Ana Elena promete comedimento. "Eu já gastei muito no Natal! Comprei roupas para mãe, sogra, afilhadas, cunhada", relata. Olhando para as prateleiras, ela reorganiza o raciocínio. "Mas aí dá uma "cosquinha"... Está tão calor e tem tantos vestidos gostosos que eu não tinha visto", suspira.
 

Para não gastar demais, a mãe do astro da Ferrari confessa que, sim, também gosta de pechinchar.
 

"Dou lá meu chorinho, peço um desconto, peço para dar uma divididinha, uma empurradinha no prazo. Eu negocio, sim, porque essa vida não é fácil, não!"
 

Para minimizar essas tais dificuldades da vida, algumas lojas oferecem o serviço "delivery VIP". Se o vestido precisa de ajustes, a loja da estilista Gloria Coelho o envia depois numa "caixa guarda-roupa", que, dependendo do modelo, chega a 1,5 m de altura para não amassar o tecido. "Acabamos de mandar para Porto Alegre um vestido de noiva", diz a gerente da loja, Cláudia Chaluleu.
 

Nada se compara, é claro, ao prazer de levar as sacolas pessoalmente. A ex-modelo Desirée Soares, 38, mulher do locutor Galvão Bueno, da TV Globo, faz questão. Quando parte de Londrina (PR) rumo a São Paulo, vem preparada para rechear as malas com grifes como Prada, Versace e Armani. "Em Londrina, às vezes até tem a marca, mas não tem muita opção", diz ela, que, no último pulinho aos Jardins, gastou mais de R$ 15 mil em dois vestidos e uma blusa da Versace. "Mas não sou aquela neurótica por marcas!", avisa.
 

"Quando a gente viaja, o Galvão me recomenda: "Não leva a mala cheia, porque você sabe que sempre a gente compra bastante, tá?'", conta. Dona de um closet de 70 m2 -o equivalente a um apartamento modesto-, Desirée está precisando de espaço no armário, mas já arranjou solução: vai organizar um bazar com as peças que não usa mais.
 

"Só vejo a governanta lá em casa dizer: "Dona Desirée, precisa de mais cabide!" Eu e Galvão prometemos um ao outro que vamos melhorar." O marido, orgulha-se ela, é ótimo parceiro de compras. "Ele adora dar palpite quando estou nas lojas. É daqueles que sentam para eu ficar passando na frente. Provo um vestido, vou, volto, ponho com um sapato, depois com outro..."
 

A empresária Aline Peres Pereira Hildebrand Garcia, 35, viaja 100 km de Sorocaba até a capital pelo menos duas vezes por semana. "Tenho consulta com médico sempre às três da tarde. Então, faço compras antes ou depois."
 

Quando não pode viajar, Aline aproveita o atendimento especial. "As vendedoras mandam looks prontos para minha casa. Experimento à noite e mando o que eu não quero de volta."
 

Aline já perdeu as contas de quantas roupas tem no armário. Mas, dos sapatos, ela sabe tudo. "São 158 pares. Tiro foto de cada um e coloco na caixa. Quando tenho de escolher, é só olhar a foto e pronto."
 

Já Rosana Rolim, 42, vem de mais longe. Encarou um vôo de Fortaleza a São Paulo -são 3.127 km- só para aproveitar as liquidações. "Mas tudo que gostei não estava em promoção", lamenta. O jeito foi levar para casa um blazer sem desconto da grife Gloria Coelho (R$ 1.200). "A gente vem pra cá porque nem parece que estamos no Brasil", diz sua filha, Beatriz.
 

"Gosto muito dessa badalação. Do "miolinho" Lorena e Oscar Freire, principalmente", diz a assessora de eventos Patrícia Mesquita, 47, de Londrina. "Adoro liquidação. Esses dias, comprei oito pares de sapato porque o desconto era de 40%", conta. Ela prefere vestir Chanel e Gucci, mas diz fazer seu próprio estilo. "A última moda é perigosa, descartável e não te deixa bem-vestida."
 

Sempre que acompanha o marido em viagens de negócios a São Paulo, a empresária Heloá Arrais Moraes Muraro, 21, de Sorocaba, dá uma escapadinha até a Daslu. "Gosto bastante de Marc Jacobs, sapatos da Miu Miu e outras coisinhas da Gucci, Prada..."
 

Vez ou outra, faz extravagâncias. "Você vai para comprar uma, mas gosta de três, quatro [peças] e acaba levando. Sou meio compulsiva, mas, ao mesmo tempo, retraída. Sei que o melhor é não ir pra não gastar. Mas, já que vou, acabo gostando e levo."
 

Na última visita à capital, desembolsou mais de R$ 1.000 num par de sandálias da grife Francesca Giobbi. Mas o gasto total, ela prefere não revelar. "Não vou te contar, não. Vai parecer muito fútil."

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