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Crítica
Filmes desafiam a inocência infantil
PAULO SANTOS LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O Papai Noel não pode ser o
mesmo, doce e cheio de chamegos, nesses tempos em que as
crianças têm acesso irrestrito
às maiores baixarias, como o
saldão de corpos de um programa como o "Big Brother Brasil". O Bom Velhinho tem de ser
como o de "Papai Noel às
Avessas" (HBO, 16h45).
Aqui, sem qualquer magia,
temos Willie, o homem que
furta as lojas para onde trabalha como o dito cujo. Até na rua
ele sai, com barba falsa e roupa
vermelha, como se apenas um
Papai Noel farsesco fosse viável
hoje, já que ninguém mais
acredita em sua existência.
Tampouco as crianças, mas
elas o aceitam, como num acordo formal, desse jeito mesmo:
sem dispensar uma bela gordinha, tomando no gargalo uma
boa garrafa de uísque, e, sim,
detestando a horda infantil de
uma forma sádica.
Mas três décadas atrás, o
mundo era outro? Em termos.
"O Trapalhão nas Minas do
Rei Salomão" (Canal Brasil,
18h35), do engenhoso J. B.
Tanko, não é, assim, dos mais
ingênuos. Diferentemente do
filme acima, ele nem é um filme adulto, mas destinado ao
público infantil. Num tom lúdico, o que os infantes viam enquanto saboreavam pipoca e
Crush nos cinemas de 1977 era
a malandragem de Didi e a bossa irreverente de Mussum.
E a sede deles em se esbaldar
no ouro das tais minas? É, o dinheiro, sempre o dinheiro, que
junta os tempos, que alia românticos e selvagens, Trapalhões e Papai Noel às avessas.
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