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Ator se inspirou em sua vida no interior para criar Joaquim
DA REPORTAGEM LOCAL
Paulista como Jorge Andrade (que é de Barretos), Zécarlos
Machado nasceu há 57 anos no
distrito de Alfredo Marcondes,
região de Presidente Prudente,
e viveu lá até os 14. Hoje morador de São Paulo, há duas décadas no grupo Tapa, o ator diz
que fez um "rasto atrás" para
protagonizar "A Moratória".
Machado foi buscar na memória (e também "in loco")
vestígios da vida interiorana
-familiares de sua mãe perderam uma plantação de fumo
por falta de recursos. "O Quin
faz parte do universo desses fazendeiros que dedicavam a vida
à terra, cujos grandes amigos
eram o cachorro, o cavalo, que
gostavam da caça e eram presos
aos ancestrais. Era um mundo
tosco, do orgulho, do mando, da
autoridade", afirma Machado,
que atuou em "Rasto Atrás" e
dirigiu "O Telescópio".
Outra referência foi a releitura de poemas de Drummond,
cujo universo dialoga com Andrade. Esquivo a emitir juízo
automático, aos olhos de hoje,
sobre o mundo que desaba em
"A Moratória", Machado acha
que o enfrentamento de perdas
naqueles anos 20 e 30 traz correspondências com o presente.
"Perdemos diariamente alguns
valores. Isso é atemporal."
Sobre o processo de criação,
ele diz que o mais difícil foi dotar o espetáculo de uma linguagem que redimensionasse a
dramaturgia de Andrade junto
ao público atual. Como Andrade é um autor cujas peças "conversam" o tempo todo, Machado sugere, para a compreensão
de sua obra, a leitura de "Marta,
a Árvore e o Relógio" (1970),
que reúne dez peças e o romance autobiográfico "Labirinto" (1978).
Morto aos 62 anos, em 1984,
Andrade era visto de soslaio
tanto pela esquerda, por conta
do berço da aristocracia rural,
como pela direita, ao "trair"
suas origens, conforme explica
Eduardo Tolentino. Também
jornalista, o dramaturgo fez
curso de ator na EAD aconselhado por Cacilda Becker.
(VS)
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