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LIVROS
Crítico percorre a arte contemporânea do país
Paulo Sergio Duarte lista 77 artistas para dar "perspectiva histórica" à cena atual
Compilação, que traz DVD feito por Murilo Salles, reúne nomes consagrados e jovens que representam a formação da arte brasileira de hoje
Intervenção urbana "Cruzamento" (2003), realizada por Renata Lucas; artista brasileira estará na próxima Bienal de Veneza
SILAS MARTÍ
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela fresta da porta, vazam os
acordes de "uma música que
ainda não está sendo tocada".
Paulo Sergio Duarte compara
sua lista de 77 artistas contemporâneos brasileiros a ouvir,
sem compromisso, uma série
de prelúdios: "Improvisações
que um intérprete executava
para afinar seu instrumento".
No livro que acaba de lançar,
"Arte Brasileira Contemporânea - Um Prelúdio", o crítico radicado no Rio elenca os nomes
que julga mais relevantes na arte contemporânea do país, entre consagrados e jovens em ascensão, num dicionário visual
que inclui um bom DVD a cargo
do cineasta Murilo Salles.
Estão lado a lado verbetes sobre os ditos seminais Hélio Oiticica, Lygia Clark e Lygia Pape,
os colegas de geração do autor,
como Carlos Vergara, Antonio
Dias, José Resende, Carmela
Gross e Tunga, além dos jovens
Thiago Rocha Pitta, Marcelo
Cidade, Laura Erber, Renata
Lucas e Tatiana Blass.
"O recorte foi feito para fazer
interagir uma produção mais
jovem com outra historicamente situada", diz Duarte, 62.
"A ideia é dar perspectiva histórica à arte contemporânea."
Um soco inglês duplicado e
folheado a ouro, obra do jovem
Marcelo Cidade reproduzida
no livro, ilustra essa ideia. Chamado "Amor e Ódio a Lygia
Clark", o trabalho atualiza o legado da estética relacional,
moldado pela fricção entre histórico e contemporâneo, que
Duarte, querendo ou não, imprime nas páginas do livro.
"O que se faz hoje não está
dissociado de uma pequena, jovem, porém interessante, tradição", diz Duarte, que foi curador da Bienal do Mercosul, em
2005, e é professor da Universidade Candido Mendes, no Rio.
Depois de reduzir uma lista
de 300 nomes aos 77 finais,
num recorte que, adverte, é "arbitrário e excludente", Duarte
constatou que o que se faz hoje,
apesar de marcado pela urgência urbana e por preocupações
arquitetônicas, está mais leve.
"Digamos que há menos angústia", afirma Duarte. "O peso
da angústia é menor do que na
arte moderna, movida por ela."
Dos "Penetráveis" de Oiticica
às pesquisas arquitetônicas de
Renata Lucas, Cidade e Joana
Csekö, Duarte mostra a evolução de uma arte de carga político-visceral até a ironia atual,
mais egocêntrica, mas nem por
isso menos relevante.
E ele não está sozinho. Numa
série de entrevistas ao crítico, a
curadora Lisette Lagnado
constata a "saída da menoridade da arte brasileira" e revela
que a passividade do artista
nunca lhe "caiu bem", enquanto Ivo Mesquita, curador da última Bienal de São Paulo, diz
que "tudo ficou mais fácil".
ARTE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA - UM PRELÚDIO
Autor: Paulo Sergio Duarte
Editora: Silvia Roesler Edições de Arte
Onde comprar: disponível nas livrarias Travessa, no Rio, e, em breve,
em livrarias de arte em SP
Quanto: R$ 150 (300 págs.)
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