São Paulo, domingo, 21 de março de 2004

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MÔNICA BERGAMO

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Mariana Weickert e Ellen Jabour, de meia por baixo de um vestido de R$ 17 mil, passaram a tarde se ajeitando para a foto da noite à frente de Cavalli


A noite das tigresas

A semana passada foi uma dessas raras em que as mulheres brasileiras que cultuam a beleza, a vaidade, a elegância, e que não fazem conta na hora de gastar, puderam se exibir em todo o seu esplendor. O pretexto foi a visita do estilista italiano Roberto Cavalli à cidade. Um vestido de Cavalli em sua loja, nos Jardins, pode custar até R$ 17 mil.
 
A roupa mais baratinha, uma camiseta de algodão, não sai por menos que R$ 935. E daí? Cavalli, como Versace, Valentino, Dior, Armani, Galliano, os prediletos delas, são para poucas, bem poucas mesmo.

Tão poucas que cabem na Casa Fasano, onde foi organizada, na terça, uma festa em torno de Cavalli. Os sofás estavam forrados de seda pura com estampa de zebra -uma das marcas registradas do estilista. Elas tiraram dos armários seus vestidos by Cavalli, quase todos de oncinhas e zebras, e foram até lá "dar um beijo" no italiano.
 
"Eu estava grávida, há 20 anos, passeando em Lugano, na Suíça. Entrei numa butique pequenininha. Vi uma calça e achei tão linda! Não tinha visto nada parecido em Paris, Londres, NY. Era um jeans do Cavalli! Comprei e pensei: agora vou ter que emagrecer para usar o diabo da calça", conta a empresária Karin Mofarrej. "Eu me orgulho porque comprei quando ele não era ninguém." Hoje, uma calça do estilista pode custar R$ 50 mil -é isso mesmo, R$ 50 mil. Karin diz que ele é o que mais combina com o seu jeito. "Se me colocarem um Chanel... é muito sério. Cavalli é para mulheres como eu, que vão da feira ao black-tie. Que estão simples de dia e maravilhosas à noite."
 
Sentada no sofá ao lado do de Karin, a empresária Márcia Pinheiro diz preferir Dior. "Mas depende: tem situação que te exige Cavalli, tem situação que te exige Valentino e tem situação que te exige Dior", explica ela, que viaja duas vezes por ano a Paris e lá compra suas roupas. "Com Chanel, me sinto chique e conservadora." Com as estampas e os decotes de Cavalli, "mais jovem e sensual. Vindo para essa festa, [naquele dia, é óbvio, ela usava Cavalli] me senti interessante, sabe? Você veste a roupa dele e tem vontade de sair aprontando!".
 
A joalheira Ana Rocha, mulher de Flávio Rocha, da Riachuelo, optou por um modelo discreto, com estampas japonesas, que comprou na Daslu. De repente, surpresa: Cintia Yunes estava com o mesmo, e quase exclusivíssimo, modelo -só que comprado em Paris. Natural, numa festa feita para o estilista.
 
Era quase meia-noite e Cavalli ainda não havia aparecido. Num evento com o objetivo de divulgar sua loja, tudo foi planejado: ele tinha que chegar depois das convidadas "especiais", modelos, apresentadoras e famosas que, algumas em troca de um cachê que variava de R$ 5.000 a R$ 20 mil -pago em roupa-, usavam vestidos emprestados pelo próprio estilista.
 
A apresentadora Ellen Jabour, a namorada de Rodrigo Santoro, passou a tarde na loja do estilista. Ela tinha acabado de voltar de "el ei", ou L.A. [Los Angeles]. Enquanto experimentava um modelo lilás de seda todo bordado com cristais -o tal de R$ 17 mil-, Fernanda Boghosian, sócia da loja, pedia, pelo celular, que uma produtora comprasse dois tapa-sexos tamanho M para ela.
 
O estilista chega à Casa Fasano perto de 1h, quase junto com Daniela Cicarelli. "Mais para a direita!", "Com um sorrisão agora", "Ajeita o vestido", gritam os fotógrafos para Daniela.
 
A confusão é grande. A apresentadora Glória Maria, também convidada "especial", demora 20 minutos para andar 5 m. Deslumbrante num Cavalli vermelho, Glória confessa que seus preferidos são Dior e Valentino "lá fora"; no Brasil, compra Lita Mortari e Armani.
 
A top Mariana Weickert, de Cavalli laranja, também revela sua preferência: Marc Jacobs, "by far [de longe]. Cavalli é sexy, feminino. E eu sou mais jeans, camiseta e tênis". O estilista tenta chegar ao sofá com as famosas, para que os fotógrafos registrem. Dezenas de outras convidadas se espremem em torno. Algumas começam a suar.
 
"A mulherada "tá" pegando muito pesado hoje", reclama a socialite Cecília Neves. Num Cavalli preto de couro e tela, que comprou na Daslu (ela não lembra o preço, pois fornece para a loja e tem lá uma espécie de conta corrente), Cecília diz que gosta mesmo é de Dolce & Gabbana -ela compra boa parte de suas roupas no exterior.
 
"Eu conheci o Dolce numa situação engraçada", conta. "Eu estava passeando em Milão e entrei na Dolce & Gabbana. De repente chega um careca com um cão labrador e pergunta: "Você gosta das roupas daqui?" Conversamos por 30 minutos, e ele então me estendeu a mão: "Muito prazer, Dolce"."
 
Marina Ambrosino e o marido, Salvatore, se divertem a valer. Ela chama a atriz Cristiana Oliveira, "a Juma da novela", que também usava um vestido emprestado por Cavalli: "Meu marido é seu fã". Marina adora Valentino, seu marido gosta quando ela usa Versace.
 
A noite das tigresas se estende até as 3h. As famosas saem antes. Ellen Jabour segue para um hotel cinco estrelas. Exaurida. "Tirei mais de 300 fotografias", diz. Cavalli... onde está ele? Saiu ainda mais cedo, depois da pose para TVs, revistas e jornais.


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