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MÔNICA BERGAMO
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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Mariana Weickert e Ellen Jabour, de meia por baixo de um vestido de R$ 17 mil, passaram a tarde se ajeitando para a foto da noite à frente de Cavalli |
A noite das tigresas
A semana passada foi uma dessas raras em que as mulheres brasileiras
que cultuam a beleza, a vaidade, a elegância, e que não fazem conta na
hora de gastar, puderam se exibir em todo o seu esplendor. O pretexto
foi a visita do estilista italiano Roberto Cavalli à cidade. Um vestido de Cavalli em sua loja, nos Jardins, pode custar até R$ 17 mil.
A roupa mais baratinha, uma camiseta de algodão, não sai por menos
que R$ 935. E daí? Cavalli, como Versace, Valentino, Dior, Armani, Galliano, os prediletos delas, são para poucas, bem poucas mesmo.
Tão poucas que cabem na Casa Fasano, onde foi organizada,
na terça, uma festa em torno de
Cavalli. Os sofás estavam forrados de seda pura com estampa
de zebra -uma das marcas registradas do estilista. Elas tiraram dos armários seus vestidos
by Cavalli, quase todos de oncinhas e zebras, e foram até lá
"dar um beijo" no italiano.
"Eu estava grávida, há 20 anos,
passeando em Lugano, na Suíça. Entrei numa butique pequenininha. Vi uma calça e achei
tão linda! Não tinha visto nada
parecido em Paris, Londres,
NY. Era um jeans do Cavalli!
Comprei e pensei: agora vou ter
que emagrecer para usar o diabo da calça", conta a empresária
Karin Mofarrej. "Eu me orgulho
porque comprei quando ele não
era ninguém." Hoje, uma calça
do estilista pode custar R$ 50
mil -é isso mesmo, R$ 50 mil.
Karin diz que ele é o que mais
combina com o seu jeito. "Se me
colocarem um Chanel... é muito
sério. Cavalli é para mulheres
como eu, que vão da feira ao
black-tie. Que estão simples de
dia e maravilhosas à noite."
Sentada no sofá ao lado do de
Karin, a empresária Márcia Pinheiro diz preferir Dior. "Mas
depende: tem situação que te
exige Cavalli, tem situação que
te exige Valentino e tem situação que te exige Dior", explica
ela, que viaja duas vezes por ano
a Paris e lá compra suas roupas.
"Com Chanel, me sinto chique e
conservadora." Com as estampas e os decotes de Cavalli,
"mais jovem e sensual. Vindo
para essa festa, [naquele dia, é
óbvio, ela usava Cavalli] me senti interessante, sabe? Você veste
a roupa dele e tem vontade de
sair aprontando!".
A joalheira Ana Rocha, mulher de Flávio Rocha, da Riachuelo, optou por um modelo
discreto, com estampas japonesas, que comprou na Daslu. De
repente, surpresa: Cintia Yunes
estava com o mesmo, e
quase exclusivíssimo, modelo -só que comprado
em Paris. Natural, numa
festa feita para o estilista.
Era quase meia-noite e
Cavalli ainda não havia
aparecido. Num evento
com o objetivo de divulgar sua loja, tudo foi planejado: ele tinha que chegar depois das convidadas
"especiais", modelos,
apresentadoras e famosas
que, algumas em troca de
um cachê que variava de
R$ 5.000 a R$ 20 mil -pago em roupa-, usavam
vestidos emprestados pelo próprio estilista.
A apresentadora Ellen Jabour,
a namorada de Rodrigo Santoro, passou a tarde na loja do estilista. Ela tinha acabado de voltar
de "el ei", ou L.A. [Los Angeles].
Enquanto experimentava um
modelo lilás de seda todo bordado com cristais -o tal de R$
17 mil-, Fernanda Boghosian,
sócia da loja, pedia, pelo celular,
que uma produtora comprasse
dois tapa-sexos tamanho M para ela.
O estilista chega à Casa Fasano
perto de 1h, quase junto com
Daniela Cicarelli. "Mais para a
direita!", "Com um sorrisão
agora", "Ajeita o vestido", gritam os fotógrafos para Daniela.
A confusão é grande. A apresentadora Glória Maria, também convidada "especial", demora 20 minutos para andar 5
m. Deslumbrante num Cavalli
vermelho, Glória confessa que
seus preferidos são Dior e Valentino "lá fora"; no Brasil, compra Lita Mortari e Armani.
A top Mariana Weickert, de
Cavalli laranja, também revela
sua preferência: Marc Jacobs,
"by far [de longe]. Cavalli é sexy,
feminino. E eu sou mais jeans,
camiseta e tênis". O estilista tenta chegar ao sofá com as famosas, para que os fotógrafos registrem. Dezenas de outras convidadas se espremem em torno.
Algumas começam a suar.
"A mulherada "tá" pegando
muito pesado hoje", reclama a
socialite Cecília Neves. Num Cavalli preto de couro e tela, que
comprou na Daslu (ela não lembra o preço, pois fornece para a
loja e tem lá uma espécie de conta corrente), Cecília diz que gosta mesmo é de Dolce & Gabbana -ela compra boa parte de
suas roupas no exterior.
"Eu conheci o Dolce numa situação engraçada", conta. "Eu
estava passeando em Milão e
entrei na Dolce & Gabbana. De
repente chega um careca com
um cão labrador e pergunta:
"Você gosta das roupas daqui?"
Conversamos por 30 minutos, e
ele então me estendeu a mão:
"Muito prazer, Dolce"."
Marina Ambrosino e o marido, Salvatore, se divertem a valer. Ela chama a atriz Cristiana
Oliveira, "a Juma da novela",
que também usava um vestido
emprestado por Cavalli: "Meu
marido é seu fã". Marina adora
Valentino, seu marido gosta
quando ela usa Versace.
A noite das tigresas se estende
até as 3h. As famosas saem antes. Ellen Jabour segue para um
hotel cinco estrelas. Exaurida.
"Tirei mais de 300 fotografias",
diz. Cavalli... onde está ele? Saiu
ainda mais cedo, depois da pose
para TVs, revistas e jornais.
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