KATIA CALSAVARA
DA REDAÇÃO

A tríade corpo, música e luz aos poucos deixa de ser a forma mais usual sob a qual gira a criatividade nos meandros dançarinos. No palco, vídeos, holografias, microcâmeras, projeções, softwares e outros elementos da tecnologia despontam para auxiliar a produção coreográfica atual.
Conhecida como dança-tecnologia, essa reunião de elementos tem no coreógrafo americano Merce Cunningham o seu principal representante. No Brasil, diferentemente do que se vê em países como Inglaterra e EUA, as pesquisas sobre essa forma de dançar ainda são incipientes.
No entanto, começam a surgir trabalhos esparsos pelo país. Um deles é o livro "Corpo Aberto: Cunningham, Dança e Novas Tecnologias", da bailarina e coreógrafa Ivani Santana, 35. Dividido em quatro capítulos, trata do surgimento da dança-tecnologia, perpassa a história de Cunningham e seu parceiro John Cage (1908-92) sobre a relação da dança com os meios tecnológicos, lista companhias, sites e softwares usados na dança contemporânea.
"Procuro não usar o termo interatividade, que confunde mais do que explica. O relacionamento entre esses dois meios, o corpo e a tecnologia, é o que define as novas possibilidades de ver e discutir o corpo em cena", diz Santana, que esteve na Alemanha na semana passada onde participou do festival de dança brasileira Move Berlim, com a versão arte de sua pesquisa, o espetáculo "Corpo Aberto". "Essa obra foi feita com o auxílio do programa "Life Forms", em que se pode ver avatares humanos no fundo do palco", diz.
Em maio, além de bailarinos e coreógrafos, Santana quer reunir músicos, cantores, videomakers, atores, fotógrafos, e artistas plásticos em oficina gratuita de dança-tecnologia no Sesc Ipiranga, em São Paulo. Os interessados devem levar currículo até a próxima sexta ao Sesc Ipiranga (r. Bom Pastor, 822, tel. 0/ xx/11/3340-2000).