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CINEMA - NAS PROFUNDEZAS DO MAR SEM FIM
Tornei-me mais protetora, diz Pfeiffer
CLAUDIO CASTILHO
em Los Angeles
Considerada, aos 41 anos, a mulher mais bonita do showbiz pela
revista "People", Michelle Pfeiffer
interpreta uma fotógrafa em "Nas
Profundezas do Mar sem Fim",
que, durante uma reunião com ex-colegas de escola, enfrenta um dos
maiores pesadelos de uma mãe: o
desaparecimento de um filho.
Leia a seguir trechos de sua entrevista.
Folha - Você declarou no passado
que em cada filme que faz há pelo
menos uma ou duas cenas que a
deixam ansiosa. Nesta produção,
qual foi a cena mais difícil?
Michelle Pfeiffer - Sem dúvida a
de quando Beth se dá conta de que
seu filho havia desaparecido. O desespero vivido por minha personagem no saguão do hotel me trouxe
muita angústia. Fiquei apavorada
somente em pensar na possibilidade de que aqueles sentimentos tão
fortes de tristeza, tormento e impotência fossem me acompanhar
durante toda a fase de gravação.
Felizmente isso não ocorreu.
Folha - O assunto do filme chegou a afetar de alguma maneira a
relação que tem com seus filhos?
Pfeiffer - Acredito que me tornei
ainda mais protetora de meus filhos. Não me lembro de ter tido pesadelos ou coisa desse tipo, mas
passei a refletir sobre uma situação
que jamais havia pensado em passar um dia.
Folha - Ao desenvolver sua personagem, você se baseou em casos
verídicos?
Pfeiffer - Não fiz qualquer tipo de
pesquisa. Aprendi um pouco de fotografia e sempre que precisava de
auxílio recorria à novela, que é extremamente bem escrita e detalhista. O fato de eu ser mãe parece
também ter ajudado. Todas as
mães têm um sentimento e força
comum que parece universal.
Concordo quando dizem que,
quando uma mulher se torna mãe,
ela passa a ser mãe de todas as
crianças. Eu mesma me sinto como
se fosse mãe de todas as crianças.
Quando escuto histórias tristes e
dolorosas como a desse filme, me
ponho a imaginar a reação dessas
mães em tais circunstâncias.
Folha - Como você reagiria em
uma situação semelhante?
Pfeiffer - Certamente eu chegaria
mais próximo da loucura do que a
minha personagem. Acho que não
teria o controle de Beth. A única
coisa que eu tentaria fazer diferente dela seria dar mais atenção ao
que meu filho tinha para contar sobre sua própria experiência após o
nosso reencontro.
Folha - Como você concilia o papel de mãe, dona-de-casa e sua
carreira de atriz?
Pfeiffer - Sinto-me às vezes culpada por não poder passar o tempo que necessito e gostaria com os
meus filhos. Ser mãe é uma constante corrida pelo equilíbrio, as
mudanças ocorrem a cada dia e você tem que estar sempre preparada
para tomar decisões.
Para mim controle sempre foi algo muito importante. Antes de ter
filhos eu praticamente controlava
tudo em minha vida. Já após ser
mãe as coisas mudaram, já que as
crianças são tão imprevisíveis.
Folha - Você leva seus filhos para
ver os filmes que faz?
Pfeiffer - Nem todos. Não quero,
por exemplo, que eles me vejam no
cinema beijando um outro homem. Certamente, eles, na idade
que estão, não vão entender bem o
que estou fazendo, que tudo não
passa de uma mentira. Admito que
os meus filhos me influenciam na
escolha de meus projetos.
Folha - No filme, ao contrário de
outros papéis de sua carreira, você
aparece com uma clara pitada a
menos de glamour, mais como
uma pessoa de verdade.
Pfeiffer - Essa é aparência de minha personagem e não a minha. É
ela quem não tem glamour algum.
Eu sou mais bela pessoalmente que
ela, não acha? (risos).
Folha - Como é ser considerada
um exemplo de beleza após os 40?
Pfeiffer - Não me preocupo com
a imagem que as pessoas fazem de
mim, em especial de meu corpo e
exterior. Procuro no momento fazer filmes que me tragam algo novo e que divirtam e orientem as
pessoas. Sei que a idade pesa em
Hollywood, onde as atrizes têm
sempre que aparentar 25 anos.
Acho, no entanto, que essa mentalidade está mudando. Nos últimos dez anos essa mudança passou a ser ainda mais aparente não
somente no mundo do cinema
americano como na sociedade.
Tenho a sorte de poder continuar
minha carreira até quando eu quiser. Se hoje faço o papel de mãe
nesse filme, amanhã poderei estar
interpretando a avó, e assim por
diante. Não vejo problema algum
nisso. O importante é fazer sempre
aquilo que você ama.
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