São Paulo, Sexta-feira, 21 de Maio de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"OS IMPOSTORES"
Stanley Tucci dirige comédia em ritmo de filme mudo

da Reportagem Local

Se você curte O Gordo e o Magro, Abbott e Costello e até os irmãos Marx de "Uma Noite na Ópera", tem mais chance de se divertir com "Os Impostores", comédia dirigida por Stanley Tucci sem a mesma inspiração de "A Grande Noite".
"Os Impostores" é um daqueles filmes feitos entre amigos. Tucci conta novamente com o aval de Isabella Rossellini, Tony Shalhoub e Campbell Scott (co-diretor e ator), de "A Grande Noite", para reforçar suas boas intenções de homenagear o gênero pastelão. E ganha um considerável reforço nas atuações de Oliver Platt, Alfred Molina e Steve Buscemi.
Tucci e Platt interpretam os atores decadentes Arthur e Maurice, à beira da fome em 1935. A apresentação dos protagonistas, numa das melhores sequências da produção, invoca o ritmo e os elementos das ingênuas comédias do cinema mudo, que vão dar o tom do filme.
À procura de trabalho, eles acabam comprando briga com o galã da época (Molina). Tentam fugir entrando clandestinamente num cruzeiro, mas o canastrão também está lá e aciona um alerta geral. É o cenário ideal para um desfile nonsense de personagens, divididos entre os simpatizantes da dupla e seus antagonistas.
Dentre os primeiros está a simpática anfitriã do navio (Lili Taylor) e uma misteriosa aristocrata (Rossellini); no outro time jogam o chefe de segurança nazista (Campbell), um misterioso especialista em bombas (Shalhoub) e o canastrão, é claro. Mas há ainda o cantor infeliz e suicida (Buscemi) e um tenista gay (Billy Connelly).
Separadamente, todos têm o seu charme, graças principalmente à naturalidade dos atores em seus papéis. Mas eles parecem ter mais com o que se divertir do que o público. Tucci falha em costurar tantas narrativas paralelas e tantos personagens supostamente interessantes em um eixo central, apesar da irrepreensível reconstituição de época e do acabamento técnico de primeira da produção.
Para piorar as coisas, a história descamba para um suspense na reta final, que também não se sustenta e acaba amenizando o efeito cômico perseguido pelo diretor. Mesmo assim, Tucci teve prestígio suficiente para conseguir de Woody Allen, um mestre na direção de comédias, uma participação especial não creditada. (FG)


Avaliação:



Filme: Os Impostores (The Impostors)
Produção: EUA, 1998
Direção: Stanley Tucci
Com: Stanley Tucci, Oliver Platt
Quando: a partir de hoje no Belas Artes -Aleijadinho, Lumière 1 e Morumbi 6



Texto Anterior: Drama contido incomoda com inventário de culpas
Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: Uma noite solitária passada em Tóquio
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.