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Compêndio é útil, mas sofre com viés ideológico, dizem lingüistas
DA REPORTAGEM LOCAL
Ambrangente, útil, mas falho.
Dois lingüistas ouvidos pela Folha concordam que o "Ethnologue" é o mais amplo estudo do gênero existente, mas apontam deficiências. Para o professor Aryon
Rodrigues, 80, da Universidade
de Brasília, o catálogo é "o maior
inventário de línguas do mundo,
o que não se pode desprezar".
Mas tem equívocos, como incluir
o cafundó como língua, sendo este um código que mistura português e quimbundo, idioma africano, em comunidades quilombolas remanescentes.
O lingüista Eduardo Ribeiro
lembra que, até a edição anterior
do "Ethnologue", o ofaié era listado como fala já extinta.
"Isto porque a lingüista Sarah
Gudschinsky esteve lá nos anos 50
e achou que havia entrevistado o
último falante de ofaié", conta.
Segundo Ribeiro, outra língua
indígena brasileira, o caingangue,
do interior de São Paulo, também
é dada como extinta, embora não
esteja. Para ele, o "Ethnologue"
sofre com a falta de diálogo com a
comunidade acadêmica local, e,
sobretudo, com o viés ideológico.
"A maioria dos lingüistas da
América do Sul acha que não é
uma fonte confiável pois se trata
justamente de uma instituição de
missionários, que não está interessada na diversidade cultural,
mas sim em que todos tenham
uma mesma crença. E os ritos religiosos estão intimamente ligados
às falas", diz Ribeiro.
(ES)
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