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Digitalism grava em bunker e anima pista
Dupla alemã tem seu álbum de estréia lançado no país e tocará em São Paulo
Músicos construíram estúdio em antigo abrigo da Segunda Guerra Mundial; faixas produzidas por eles misturam rock e dance
THIAGO NEY
DA REPORTAGEM LOCAL
A dupla Digitalism é dos nomes mais conhecidos da dance
music, mas em seu próprio
país, a Alemanha, sente-se isolada. Primeiro, pelo tipo de
dance music que faz. Depois,
porque eles vivem num bunker.
Amigos de infância, Jens
Moelle e Ismail "Isi" Tüfekçi vivem em Hamburgo, no norte da
Alemanha, e passaram a ser comentados (e dançados) desde
2005, a partir de remixes de
gente como Futureheads, Tom
Vek e Depeche Mode.
É um ponto de vista roqueiro
da pista de dança, algo que encontra semelhança na França
(com Justice, Sebastian e todo
o povo do selo Ed Banger), Inglaterra (Erol Alkan, Paul Epworth, Optimo) e Bélgica
(2ManyDJs, The Glimmers).
Mas, em seu território, não é
bem assim. "Na Alemanha, o
tecno e o minimal são muito
populares. Berlim, Colônia e
Frankfurt são as principais cidades [para a dance music]",
conta Isi, por telefone. "É muito interessante, porque somos
o oposto do som alemão. Em
Hamburgo, ficamos meio isolados, não encontramos muito os
outros DJs e produtores."
Algumas das faixas próprias
da banda, como "Zdarlight" e
"Jupiter Room", são pontuadas
por batidas fortes, sintetizadores estridentes e uma dinâmica
enérgica. São faixas que estão
no disco "Idealism", que a EMI
acaba de lançar por aqui.
A dupla apresentará o álbum
ao vivo em São Paulo, em 6 de
outubro, no clube Clash.
Bunker
Lançado em junho na Europa, "Idealism" alcançou lugares
altos nas paradas da França,
Bélgica, Japão e Inglaterra. "Ficamos surpresos. Talvez o público esteja mais aberto à dance
music. Hoje mistura-se punk,
rave, músicas mais antigas, e
muita gente está adorando.
Mostra que estamos no caminho certo", afirma Isi.
Esse ecletismo não apareceu
de repente: "Jens e eu sempre
ouvimos diferentes tipos de
música. Ele, por exemplo, tocava rap, enquanto eu buscava sonoridades dos anos 70".
Isso foi há cerca de sete anos,
quando os dois trabalhavam
em lojas de discos e distribuidoras. "Ficávamos entediados
porque tínhamos a impressão
de que lançavam o mesmo disco várias e várias vezes. Não ouvíamos músicas excitantes. Então decidimos fazer algo da
nossa maneira."
E, para isso, arrumaram um
lugar ideal: um bunker desativado, herança da Segunda
Guerra Mundial, que transformaram em estúdio. "É uma das
influências na nossa música. A
dureza, a rusticidade do bunker
definitivamente nos inspira."
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