CARLOS BOZZO JUNIOR
especial para a Folha

O programa "30 Anos Incríveis", que vai ao ar, hoje, às 22h30, na TV Cultura, traz trechos de outros dois programas, "Vox Populi" e "MPB Especial", além de uma entrevista com o crítico musical Zuza Homem de Mello sobre o rei da Mangueira, Angenor de Oliveira, o Cartola (1908-1980).
No "Vox Populi", gravado em 1979, o fundador e responsável pela escolha do nome da Escola de Samba Estação Primeira e suas cores, responde a várias perguntas de fãs, jornalistas e artistas como Clementina de Jesus, Nelson Cavaquinho, Beth Carvalho, Martinho da Vila e o apresentador Serginho Groisman, que aparece de óculos, barba e cabelos compridos, lembrando John Lennon.
Além de explicar a origem de seu apelido, "Cartola", que lhe foi atribuído, ainda rapaz novo, por usar um chapéu coco, quando trabalhava como pedreiro, o compositor, que também foi tipógrafo e lavador de carros, discorre sobre vários temas. "Escola de samba não ensina ninguém a fazer samba, não. Nós é que fazemos o samba para ela. Então, eu acho que foi a escola da vida que me ensinou", filosofa o mestre, que teve seus sambas gravados por Francisco Alves, Carmem Miranda, Sílvio Caldas e Paulinho da Viola, entre outros.
Indagado sobre sua obra, disse não poder descrevê-la, pois quem deveria fazê-lo era o público. "Eu não sei o que faço. Eu faço."
Dando uma receita de como compor, o artista passou nova lição de integridade: "Deve-se é levar a coisa a sério... Sem pensar no comércio, ou se a música vai ser ou não divulgada", disse o compositor, que teve alguns de seus sucessos gravados apenas vinte anos após terem sido compostos.
De "MPB Especial", gravado em 73, o programa exibe o sambista cantando, ao lado de Dona Zica, "Não Posso Viver Sem Ela", "Acontece", "Tive Sim" e "Divina Dama", entre outras.


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