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Comentário
William Bonner mostra lado "quase normal" na internet
Com Twitter, apresentador do "JN" tenta se aproximar dos telespectadores
NINA LEMOS
COLUNISTA DA FOLHA
No passado, ficávamos chocados ao ver fotos de Sérgio
Chapelin e Cid Moreira fora da
televisão. Como assim, os apresentadores do "Jornal Nacional" existiam fora daquela bancada? Agora, na era da internet,
o robô tomou corpo (virtual). E
acompanhamos com interesse
o Twitter do William Bonner, o
Sérgio Chapelin moderno.
Acessando a internet, podemos ver que ele existe de verdade. Fora da bancada, ele lê antes de dormir para os filhos,
corre de um lado para o outro e
parece até que é um de nós, reles mortais desprovidos da
moeda da fama. Bonner é tão
humano que se irrita com comentários de "seguidores" e os
responde. Alguém imagina o
Chapelin discutindo?
No Twitter, os famosos ganham voz. E se sentem "normais", como disse Bonner em
uma entrevista. Deve ser triste
só se sentir normal em um espaço virtual, mas enfim. O que
faz o @realwbonner (apelido
que ele usa no Twitter) na sua
vida "normal-real-virtual"?
Entre outras coisas, ele explica
que é normal. "Sou uma pessoa
rigorosamente quase normal",
escreve. E se diverte postando
fotos de sua poltrona favorita,
de seu cachorro e por aí vai.
E o público aplaude, ou melhor, segue. William Bonner
tem 141 mil seguidores. Isso
significa que essas pessoas,
sempre que acessarem o Twitter, poderão receber as informações que ele acabou de postar. Entramos com gosto na intimidade do apresentador do
"Jornal Nacional", até antes
inanimado, e ficamos chocados
com coisas simples. "Como assim, ele gosta de brigadeiro?"
Enquanto isso, a celebridade
em questão brinca em um
quintal onde se sente livre para
comentar as coisas da vida que
quem não é famoso comenta
com o taxista.
Mas a nossa intimidade com
Bonner parece maior do que a
que temos com passantes que
cruzamos na rua. Sabemos de
antemão, por exemplo, que no
dia tal ele não estará apresentando o jornal. Está ali, escrito
em seu Twitter, com antecedência. E sabemos até o motivo! Ele deu uma palestra e só
dormiu três horas (coitado!). Se
já nos sentíamos íntimos de
uma pessoa que entra todos os
dias em nossas casas, agora nos
sentimos praticamente parte
do seu círculo familiar.
Agora, nossa relação com o
"Jornal Nacional" corre o risco
de não acabar nunca mais. Podemos acompanhar o dia do
apresentador, que twitta cerca
de 15 vezes diariamente, e até
ajudar a escolher seu figurino.
Ele faz enquetes no microblog,
nomeadas por ele de "interativas", nas quais os internautas
podem, por exemplo, escolher a
cor da gravata que ele vai usar.
Nesse caso, podemos nos sentir
praticamente a Fátima Bernardes. E depois de desligar a TV,
ainda podemos acompanhar
seu trajeto para casa e receber
um "boa noite".
Não é por acaso que o apresentador do "Jornal Nacional"
nunca esteve tão em evidência.
Ele nunca esteve tão próximo
de nós, telespectadores. Agora,
quem diria, o apresentador é
nosso amigo virtual (como se
isso significasse alguma espécie
de amizade real).
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