|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fanzines têm Canudos e Bakunin
da Agência Folha
Nos seus fanzines, os anarcopunks do Piauí são sérios e didáticos. Tratam de temas como a Insurreição de Canudos, ocorrida no
final do século passado na Bahia, e
a Fraternidade Universal, movimento anarquista nascido na Itália, sob a influência de Mikhail Bakunin, em 1864.
O grupo se reúne pelo menos
uma vez por semana para discutir
temas dessa natureza e distribuir
panfletos com ataques aos políticos do Estado. O lema dos garotos:
"Não temos dever de casa, mas temos lição de rua".
Um dos textos de maior sucesso
do grupo tem o título de "Vermes", lista de providências que a
população deve tomar para evitar
ser atacada no seu dia-a-dia.
Alguns destes "cuidados": filtrar
e ferver a água, votar nulo, lavar
bem as frutas e verduras, aproveitar o feriado e sair em férias e exigir
que as autoridades façam obras de
saneamento básico.
Caso não seja atendida no pedido de saneamento, segundo o texto dos anarcopunks, a população
deve radicalizar. "O "Despertar
Anarquista' (fanzine do bairro de
Macaúba) propõe pegar todo seu
lixo sanitário ou merda mesmo e
jogar na frente do Palácio do Governo."
Composto por jovens que ainda
não concluíram o segundo grau, os
anarcopunks são admirados pelos
sem-teto da periferia de Teresina,
mas enfrentam dificuldades de
convivência com as suas famílias.
A polícia, como ficou comprovado durante ações dos anarquistas
na invasão ao Palácio do Governo,
também não os tolera.
"O povo do Piauí é muito bom,
ordeiro. Não acredita nessas coisas", diz o comandante da Polícia
Militar do Estado, Valdílio Falcão.
Mas, para o coordenador do Movimento dos Sem Teto, José da
Cruz, os anarcopunks têm uma
importância fundamental.
"Eles ajudam nas manifestações
e são úteis nos acampamentos. Temos diferenças porque acreditamos na representação, na liderança. Eles não. Mas isso não atrapalha a nossa convivência", diz.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|