São Paulo, sábado, 21 de novembro de 1998

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Grupo lembra ingleses e alemães

e da Agência Folha

A participação direta nas invasões de famílias sem-teto do Estado do Piauí é algo parecido com as ações promovidas por grupos anarcopunks europeus, em especial ingleses e alemães, em meados da década de 80.
É o que avalia a professora da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) Kênia Kemp, autora de tese de mestrado sobre esse assunto.
Formados por desempregados, os jovens europeus invadiram prédios abandonados do governo (os chamados "squats") e passaram a viver em comunidade.
"O movimento anarcopunk sobreviveu em cima da militância anarquista. Os anarcopunks realmente lêem os textos dos teóricos e trabalham muito com panfletagem. É contracultura", afirma a professora.
Verdade na Europa, verdade em Teresina. Sempre com livros e cartilhas debaixo do braço, os componentes do Grupo de Estudos Anarquistas do Piauí se empenham para fundar uma biblioteca pública sobre anarquismo.
Os anarcopunks de Teresina ajudaram a construir um grupo escolar dentro da vila Irmã Dulce, local que invadiram e onde vivem hoje cerca de 5.000 famílias.
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Punks da periferia

Na periferia de São Paulo, também existem grupos punks ligados a ações sociais.
Esses grupos são influenciados pelo EZLN (Exército Zapatista de Libertação Nacional), movimento liderado pelo subcomandante Marcos, do Estado de Chiapas, no México.
Os paulistas não realizam invasões, mas participam de atos de apoio tanto a grupos de sem-terra quanto de sem-teto.
Os agrupamentos anarquistas de São Paulo também realizam o que eles chamam de ações solidárias permanentes.
Entre essas ações estão, por exemplo, a distribuição de sopa e alimentos para moradores de rua e favelados.
(XS e FABIANA PEREIRA)



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