|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Personagem lembra brasileiro comum"
DA REPORTAGEM LOCAL
"[O personagem] Antônio Biá
lembra o brasileiro comum, que
não sabe o que fazer com sua história: Vou gravar? Vou escrever?
Saberei escrever?"
A opinião é da historiadora
Mary del Priore, que anteontem
participou de debate com a diretora Eliane Caffé e o ator José Dumont sobre o filme "Narradores
de Javé". O encontro, promovido
pela Folha, pela Bananeira Filmes
e pela Cinemateca Brasileira, teve
participação do público que, antes, assistiu a exibição do filme.
Del Priore afirmou que a história oral está incluída na definição
de patrimônio imaterial e citou
decreto federal editado em 2000,
pelo qual o Brasil, para preservar
esse patrimônio, permite e prevê
o tombamento inclusive de pessoas detentoras de um saber específico (como um determinado
ponto de crochê ou uma história
contada oralmente).
A diretora Eliane Caffé contou
que, para a elaboração do roteiro,
feito a quatro mãos com Luís Alberto de Abreu, a dupla realizou
diversas expedições pelo interior
baiano e mineiro.
Caffé disse que seu filme procura se distinguir da produção brasileira recente ao incorporar os
conhecimentos adquiridos no
"corpo a corpo" com as populações sertanejas. Na opinião da cineasta, os artistas nacionais têm o
hábito de usar só suas referências
mais próximas nas criações.
"Narradores de Javé" foi filmado no povoado de Gameleira, no
interior da Bahia. A pedido da
platéia, a diretora descreveu o
processo de seleção e de filmagens com o elenco local que participa do filme.
"O que ajuda um não-ator a entrar na verdade da cena é contracenar com um ator que também
faz de verdade", disse a diretora,
elogiando Dumont e Gero Camilo, também presente ao debate.
Para Dumont, seu personagem
-o Biá que lembra o povo brasileiro, segundo Del Priore-
aprende, ao longo do filme, que "a
grande história está nas pequenas
histórias das pessoas".
Depois do filme, os moradores
de Gameleira querem fazer uma
mudança em sua história, alterando o nome da cidade para Javé. "Eles deram início a um movimento pela troca", disse Caffé.
Texto Anterior: O dono da história Próximo Texto: Crítica: Roteiro limita real à figuração Índice
|