FREE-LANCE PARA A FOLHA

O mexicano Emilio Carballido, 78, até bem pouco tempo atrás era quase desconhecido no Brasil. Pois mais uma peça sua, num intervalo de quatro meses, chega aos palcos brasileiros.
"Rosa de Dois Perfumes" ("Rosa de Dos Aromas", de 86), encenada por Luiz Arthur Nunes, 57, dá continuidade à presença do dramaturgo por aqui. Em outubro de 2003, estreou em São Paulo "Estrelas do Orinoco" ("Orinoco"), com direção de Lígia Cortez e interpretação de Iara Jamra e Cristina Mutarelli.
"É incrível como desconhecemos a dramaturgia latino-americana e conhecemos e montamos muito mais a americana e a inglesa, às vezes tão distantes de nós", afirma Nunes, que dirigiu recentemente "Arlequim, Servidor de Dois Patrões", de Carlo Goldoni.
Na comédia de Carballido, que foi montada no final da década de 90, com o nome de "A Volta por Cima", com Nívea Maria no elenco, duas mulheres se encontram na entrada da cadeia e pensam que visitarão cada qual o seu marido prisioneiro, até descobrirem que se trata de um único homem.
Gabriela é uma tradutora de classe média; Marlene, uma cabeleireira. Apesar das condições sociais e formações diferentes, as duas se tornam amigas e ficam tentadas a esbanjar o dinheiro que arrecadaram para pagar a fiança do amor compartilhado.
Segundo o diretor, a peça é realista e assim a sua encenação a encara. No quesito cenografia, porém, optou-se por uma linha antinaturalista, com painéis cambiáveis que sugerem ambientes.
"Estou plenamente convencido de que o público moderno acredita totalmente na realidade de uma ação dramática, mesmo se mostrada com os recursos da pura convenção teatral. Aliás, até o cinema, considerado o território do realismo, está conseguindo isso. Vide "Dogville"." A tradução do texto foi feita por Roberto Athayde, autor da peça "Apareceu a Margarida". (PID)