São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FILMES

TV ABERTA

"Los Angeles" focaliza cidade feita de aparências

Bernardo e Bianca em "Missão Secreta"
SBT, 12h25.
  
(The Rescuers). EUA, 77, 80 min. Direção: Don Bluth e outros. Os ratinhos Bernardo e Bianca tratam de procurar a menina Penny, seqüestrada pela malvada miss Medusa. Desenho animado da Disney.

True Lies
Globo, 12h55.
    
(True Lies). EUA, 94, 138 min. Direção: James Cameron. Com Arnold Schwarzenegger, Jamie Lee Curtis. Harry é um agente tão secreto que nem sua mulher sabe que ele é. Ela vive uma vida enfadonha e, em busca de aventuras, passa a flertar com um vendedor que se faz passar por agente secreto.

Carnaval Atlântida
Cultura, 14h.
    
Brasil, 52, 95 min. Direção: José Carlos Burle. Com Oscarito, Grande Otelo. Uma espécie de manifesto da chanchada. Um produtor brasileiro contrata o prof. Xenofonte como consultor de seu ambicioso roteiro sobre Helena de Tróia. A coisa não dá certo, ou antes, dá numa bela comédia carnavalesca. Roteiro inteligentíssimo, em que se discute essa tola e perene aspiração do cinema brasileiro à dita alta cultura.

Kazaam
Record, 16h30.
 
EUA, 96, 92 min. Direção: Paul Michael Glaser. Com Shaquille O'Neal, Francis Capra. Shaquille faz uma espécie de gênio da lâmpada. Shaquille é bom pra jogar basquete. Aqui, só bola fora.

As Novas Aventuras de Mogli
Record, 18h.
 
(Jungle Book 2). EUA, 97, 85 min. Direção: Dulcan McLahlan. Com James Williams, Bill Campbell. Um inescrupuloso pretende capturar Mogli, o menino das selvas, e transformá-lo em atração circense. Mas Mogli tem amigos fiéis entre os animais.

Dois Tiras em Miami
Record, 19h30.
 
(Miami Supercops). Italia, 84, 93 min. Direção: Bruno Corbucci. Com Terence Hill, Bud Spencer. Após se queimarem no Oeste, Hill e Spencer tentam a sorte como tiras contemporâneos em Miami, infiltrando-se em uma gangue.

Colors - As Cores da Violência
Record, 21h30.
   
(Colors). EUA, 88, 120 min. Direção: Dennis Hopper. Com Sean Penn, Robert Duvall. Há gangues e policiais, mas a tentativa de Hopper é imprimir mais realismo e mais humanidade ao fenômeno juventude transviada.

Armagedon
SBT, 22h.
  
(Armageddon). EUA, 98, 144 min. Direção: Michael Bay. Com Bruce Willis, Billy Bob Thornton. Em 18 dias um asteróide tamanho família vai se chocar com a Terra e aí tchau e bênção. Mas a Nasa luta por nós, em particular Willis, que lidera a equipe de astronautas encarregada de detonar o asteróide. Segue-se o que já dá para imaginar.

Los Angeles, Cidade Proibida
SBT, 1h.
    
(L.A. Confidential). EUA, 97, 138 min. Direção: Curtis Hanson. Com Kevin Spacey, Russell Crowe. Policiais investigam submundo de Los Angeles, que não é tão sub assim, embora envolva drogas e prostituição, entre outros. Trama intrincada, à moda dos filmes noir, tem de mais original o bordel em que as prostitutas são sósias de atrizes famosas. Cidade proibida? Não muito. A L.A. deste filme é mais uma cidade de aparências. Notável.

Os Sicilianos
Bandeirantes, 1h.
   
(Le Clan des Siciliens). França, 69, 120 min. Direção: Henri Verneuil. Com Jean Gabin, Alain Delon. Gabin é o velho gângster que planeja e executa seu último grande golpe. Policial muito bem levado e servido por um elenco a calhar.

Os Amores de Picasso
SBT, 3h45.
  
(Surviving Picasso). EUA, 96, 125 min. Direção: James Ivory. Com Anthony Hopkins, Juliane Moore. O filme é baseado num livro chamado "Picasso, Criador e Destruidor". O resultado é bem à maneira de Ivory: correto, acadêmico, com atores bem dirigidos. (IA)

TV PAGA

Shyamalan impõe delicadeza indiana ao terror

INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA

É possível perguntar quando os fantasmas começaram a perder sua influência no mundo dos homens. Freud lhes aplicou um duro golpe, não há a menor dúvida, valorizando o que a idéia pudesse ter de metafórico. Depois veio a parapsicologia, com suas explicações estrambóticas, reduzindo o fantástico e o aterrador a fenômenos meramente naturais.
Por fim, aconteceu a decadência brutal da fé. Ou antes, a fé deixou de ser uma questão prioritariamente de temor (do futuro, do além), para ser uma questão de interesses, não raro imediatos.
Com tudo, fazer filme de fantasma ficou difícil, a não ser que se opte pelas facilidades da chave cômico-sentimental ("Ghost"). Assim, honra a M. Night Shyamalan, que fez de "O Sexto Sentido" um completo triunfo.
Muitos atribuem ao menos parte do êxito à origem indiana do diretor/roteirista. E existe na história do menino que se relaciona com o além e seu terapeuta uma delicadeza que não parece fazer parte da tradição ocidental de lidar com a questão (o além).
A particularidade na vida de Cole Sear é que ele não tem o menor controle sobre suas visões e os seres que o habitam -normalmente existe, ao menos até algum ponto, uma cumplicidade entre as almas do lado de lá e aquele que se relaciona com elas. Isso amplia o papel do esforçado mediador das relações do rapaz com ambos os mundos, o dr. Crowe (Bruce Willis), atarantado com os fenômenos vistos por seu paciente.
Este filme tenso, belo exemplo de terror moderno, tem a vantagem complementar de ser a estréia de um diretor que, ao menos nesse primeiro momento, parece ter sido capaz de negociar em boas condições com Hollywood, impondo uma visão de autor: é difícil, mas não impossível.


O SEXTO SENTIDO. Quando: hoje, às 17h, no TNT.


Texto Anterior: Astrologia
Próximo Texto: José Simão: Buemba! O Sambódromo é o vale do Silicone
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.