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Presença conceitual preenche vácuo de negócios
DO ENVIADO A MADRI
Ficou vazio por todo o primeiro dia da Arco o estande da
Helga de Alvear, uma das maiores galerias espanholas.
Isso até que homens entraram no pavilhão carregando
duas letras de madeira, formando a palavra "no" (não) em
tamanho gigante. Nem Santiago Sierra, o artista por trás da
ação, nem ninguém da galeria
deu as caras por lá.
No espaço vizinho, a cubana
Tania Bruguera mandou polir
uma reprodução do letreiro
que ficava na entrada do campo
de concentração de Auschwitz,
gerando uma chuva de faíscas
sobre o símbolo nazista, aquele
roubado há pouco.
Essa presença conceitual, o
que uns chamam de "gordura"
numa feira, foi o ponto alto da
Arco. Se colecionadores andam
mais tímidos, curadores não arredaram pé do pavilhão dos Solo Projects, a parte da feira na
qual galerias exibem um recorte sucinto da produção de um
só artista escolhido.
Enquanto pelo menos 50 galerias abandonaram o evento
nos últimos dois anos, e o preço
da obra mais cara despencou da
casa dos 20 milhões para
1,6 milhão, os recortes individuais dispostos ali têm outro
potencial. Atestam o frescor
dessa produção e têm apelo direto para as instituições.
Na cena árida em que se tornou o mercado espanhol, projetos menos comerciais, como
os de Sierra e Bruguera, deram
carne ao esqueleto das vendas.
(SM)
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