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ARTES PLÁSTICAS
RENOIR
Mostra exibe obras de importantes acervos do mundo, mas é construída a partir da coleção de São Paulo
Brasil vê a maior exposição do pintor francês
ALEXANDRA MORAES
DA REDAÇÃO
Dando continuidade à sua tradição com impressionistas, o
Masp inaugura hoje a exposição
"Renoir - O Pintor da Vida". O
subtítulo reflete bem o que se pode esperar de uma grande exposição do pintor francês: banhistas,
crianças, amigos, nus, enfim, traços humanos que se impõem sobre as naturezas-mortas que também estão presentes.
A mostra, dividida em cinco
módulos, reúne obras do acervo
do Masp, além de outras vindas
de museus como a National Gallery of Art, de Washington, o Metropolitan Museum of Art, de Nova York, o Musée d'Orsay, em Paris, a Biblioteca Nacional da França e o Petit Palais.
"A idéia dos módulos partiu de
Anne Distel [curadora-geral do
Musée d'Orsay e supervisora da
exposição], a maior autoridade
no pequeno mundo de Renoir",
diz Romaric Büel, um dos organizadores da exposição. "Ela conhece de cor a coleção do Masp e quis
enfatizar os núcleos que existem
no museu. Há coisas muito importantes, como a família Le
Coeur", completa.
A importância do acervo do
Masp é repetida por todos os curadores de museus que emprestaram obras para a exposição, como
Marie Pessiot, curadora-chefe do
Museu de Belas Artes de Rouen,
que emprestou à exposição "Femme au Miroir" ("Mulher no Espelho"). "As obras do Masp são fundamentais. Não haveria exposição sem elas", diz Pessiot.
A presença de 12 telas e uma escultura do "pintor da vida" no
acervo do Masp foi capital para a
exposição. "A coleção do Masp
nos permitiu fazer um apanhado
geral da produção dele", explica
uma das curadoras da exposição,
Eugênia Gorini Esmeraldo.
A mostra começa com "Os
Amigos de Renoir", núcleo que
apresenta obras de Cézanne, Monet, Manet, Degas, Corot e Utrillo,
todas pertencentes ao acervo do
Masp, além de correspondências,
que procuram situar o visitante
no cotidiano de Renoir.
Em seguida, vem "Obra Gráfica", com 56 gravuras e dois livros
de Émile Zola ilustrados por Renoir, trazidos da Biblioteca Nacional da França (BNF). "A França
gostaria de retribuir ao Brasil e sobretudo ao Masp os empréstimos
que o museu fez, por vários anos,
de obras impressionistas a todas
as grandes retrospectivas que
aconteceram na França." Quem
agradece agora é Claude Bouret,
curador-chefe do Departamento
de Gravuras da BNF.
Entre as gravuras, estudos de
obras se confundem com o perfeccionismo de Renoir, mostrado,
por exemplo, na série "Chapéu
Preso com Alfinete", com cinco
versões do mesmo tema, que começa com composição monocromática e termina numa prova
com 11 cores. "Como Renoir começa as gravuras na segunda parte de sua vida, elas são uma espécie de resumo, de quintessência
de sua criação", diz Bouret.
"É um artista que pratica a gravura com toda a riqueza inventiva
de um pintor." Em água-forte e litografia, estão lá os retratos de
seus amigos, como Cézanne, Berthe Morisot, Rodin e Ambroise
Vollard, marchand que o estimulou a se aventurar nas gravuras e
esculturas, além de um Richard
Wagner que, segundo explica
Bouret, "foi feito em meia hora,
pois Wagner estava sem tempo".
Em seguida, o módulo "Família
Le Coeur" parte de uma das obras
de Renoir mais significativas do
acervo do Masp, "Jules le Coeur
dans la Forêt de Fontainebleau",
para descrever a relação do pintor
com a família, em óleos, cartas e
aquarelas que decorariam as casas do arquiteto Charles le Coeur.
"Ele tinha sido introduzido nesse
mundo artistocrático justamente
pelos Le Coeur", diz Esmeraldo.
Chegando ao módulo "A Obra
de Renoir", já preparado, o visitante aprecia as banhistas, os nus
em óleos e os seus grandes clássicos, como "Os Remadores em
Chatou", "Rosa e Azul" e "A Dança em Bougival", os retratos frugais da vida francesa novecentista. "Renoir era um produto da Revolução Industrial", analisa Romaric Büel, "sem preocupações
sociais, fazendo apenas os retratos de família, de amigos, cenas de
festas simples primeiro, depois
festas mundanas, ao contrário de
seus filhos, que depois seriam tão
politizados", diz, referindo-se
principalmente ao segundo filho,
Jean, cineasta.
"Renoir é um artista que mostra
um mundo muito agradável, que
leva a uma coisa boa. Existe uma
alegria constante. O subtítulo da
exposição é "O Pintor da Vida"
porque na verdade é o que gostaríamos que a vida fosse para todos, com uma certa alegria", diz
Esmeraldo, concordando com
Renoir quando ele diz que "a dor
passa, a beleza fica".
RENOIR, O PINTOR DA VIDA.
Curadoria: Luiz Hossaka e Eugênia Gorini
Esmeraldo. Onde: Masp (av. Paulista,
1.587, tel. 0/xx/11/251-5644. Quando:
inauguração hoje, às 19h, para
convidados; de ter. a dom., das 11h às
18h; a bilheteria fecha com uma hora de
antecedência. Quanto: R$ 10, R$ 5
(estudantes), grátis para adultos com
mais de 60 anos e crianças com menos de
dez anos. Patrocinadores: Bradesco
Seguros, Eletropaulo, Folha.
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