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ARTES PLÁSTICAS
Ao menos três trabalhos vistos em "Impermanência e Transitoriedade" serão exibidos fora do Brasil
Mostra em Vítória reúne arte brasileira para exportação
FABIO CYPRIANO
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA
Sete salas, sete obras. O Museu
de Arte do Espírito Santo (Maes)
reinaugurou seu modesto espaço
expositivo, no centro de Vitória,
após uma reforma do entorno,
com uma mostra que, ao discutir
uma das principais características
da produção contemporânea,
obras que não têm durabilidade,
propiciou aos artistas uma experimentação que levará ao menos
três das obras expostas a se desdobrarem em trabalhos fora do país.
É o caso da nova obra de Rivane
Neuenschwander, que, depois de
Vitória, segue para a Bienal de Veneza, na Itália, que será aberta em
12 de junho próximo. Composta
por uma máquina de escrever
com os sinais alterados, substitui
o alfabeto por pontos, e o público
pode datilografar cartas cifradas,
fixando-as num imenso quadro
verde, que ocupa duas paredes inteiras do museu. "A artista transforma tanto palavras quanto tempo, significado, expressão e atuação nesta sua obra", diz o curador
da exposição, Franklin Espath Pedroso.
Em Veneza, Rivane apresentará
a mesma obra, só que com sete
máquinas de escrever, a partir da
escolha de Rosa Martínez, uma
das curadoras da Bienal. Também
em Veneza, José Damasceno leva
o delicado fluxograma rizomático
com as palavras ontem, hoje e
amanhã, apresentado no Maes.
Bomba de cores
Já o trabalho de Marepe, composto por 4.500 bexigas cheias,
que ocupam totalmente outra das
salas, convida o público a uma
ação performática na explosão de
todas as bolas, o que em geral não
dura mais de cinco minutos, deixando no chão uma miríade de
cores. "Fiz esse trabalho a partir
das festas de aniversário em Vitória, pois lá as crianças explodem
todas as bexigas no fim dessas festas. Foi o início de um raciocínio,
a partir desse trabalho criei o que
vou levar para o Centro Pompidou, no qual essas bexigas vão estar dentro de imensas roupas",
conta Marepe.
Além desse trabalho, Marepe
vai apresentar outras duas peças,
no Centro Cultural Francês, em
setembro, uma com fotos de infância do artista, tiradas no dia 7
de setembro, e outra, um imenso
retrato de seu avô, Tiburtino Peixoto, também conhecido como
Bubu, ao lado da imagem do presidente francês George Pompidou, que dá nome ao local, chamado de Beaubourg, criando um
inusitado trocadilho.
"Impermanência e Transitoriedade", a exposição em cartaz em
Vitória, foi criada após uma série
de encontros sobre a função atual
dos museus. "Uma das questões
que não foram abordadas nesses
encontros foi a da obra de arte
que tem um limite de duração e,
por isso, é de difícil inclusão numa coleção museográfica. Daí optei por selecionar artistas que trabalham em torno dessa temática",
diz Pedroso.
Por isso, o curador selecionou
sete artistas, o número de salas do
museu, que realizam trabalhos
com uma marca transitória. Além
de Neuenschwander, Damasceno
e Marepe, participam da exposição Brígida Baltar, Carlito Carvalhosa, David Caetano e Sandra Cinto.
O jornalista Fabio Cypriano viajou
a convite do Museu de Arte do Espírito Santo
Impermanência e Transitoriedade
Curadoria: Franklin Espath Pedroso
Onde: Museu de Arte do Espírito Santo
(av. Jerônimo Monteiro, 631, Vitória,
centro, tel. 0/xx/27/ 3132-8393)
Quando: de ter. a sex., das 10 às 18h; até
30/4
Quanto: entrada franca
Patrocinador: Bandes
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