São Paulo, sexta-feira, 22 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros CRÍTICA DRAMA Riso fácil atropela sordidez do texto em montagem de "Deus da Carnificina" CHRISTIANE RIERA CRÍTICA DA FOLHA Com montagens de sucesso na Broadway e no West End, "Deus da Carnificina, uma Comédia Sem Juízo", da autora francesa Yasmina Reza, arrebanhou prêmios prestigiosos como o Tony de melhor peça e o Olivier de melhor comédia (2009). De modo similar a seus últimos textos, Reza foca em personagens de classe média, orgulhosos de seus comportamentos e confortáveis em suas opiniões, para despi-los ferozmente. No caso, dois casais se reúnem para discutir uma briga entre seus filhos, da qual um deles sai com a boca desfigurada e dentes quebrados. De um lado estão Verônica (Deborah Evelyn), uma arrogante escritora que acredita no poder pacificador da cultura, e o bronco comerciante Michel (Orã Figueiredo), seu marido. Do outro, Anette (Julia Lemmertz), na posição frágil de mãe do agressor, e Alain (Paulo Betti), advogado mais preocupado em defender um gigante farmacêutico do que ser um "pai de empurrar carrinho". Apesar da brutalidade na infância, é o processo de infantilização dos adultos que está em pauta. A direção de Emílio de Mello é veloz no controle da batalha que se segue e na projeção crescente do lado obscuro e primitivo de seus personagens. Consegue tornar prazeroso vermos atores de tamanho calibre se comportando mal no palco. O riso, porém, muitas vezes não nasce de um lugar desconfortável, mas do volume alto e das trapalhadas de Orã Figueiredo, que rouba a cena em vários momentos de comédia física. Com isso, a sordidez do texto fica submersa às gargalhadas geradas pelo vômito de Anette sobre um livro raro da anfitriã Verônica, ou pelos arroubos deselegantes de seus maridos. A "comédia sem juízo" do subtítulo se sobrepõe, fazendo predominar sua camada mais superficial de puro entretenimento. DEUS DA CARNIFICINA, UMA COMÉDIA SEM JUÍZO QUANDO sex., às 21h30, sáb., às 21h e dom., às 19h; até 5/6 ONDE teatro Vivo (av. Chucri Zaidan, 860; tel.0/xx/11/7420-1520) QUANTO de R$ 25 a R$ 70 CLASSIFICAÇÃO 14 anos AVALIAÇÃO regular Texto Anterior: Livro traz filme não realizado de Kubrick Próximo Texto: Carlos Heitor Cony: Diário de um passado Índice | Comunicar Erros

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