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BIENAL DO LIVRO
"Marco Zero" reúne a correspondência trocada entre modernista e sua última mulher, Maria Antonieta
Oswald de Andrade ganha olhar caseiro
CASSIANO ELEK MACHADO
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
Em 1943, Oswald de Andrade, então com 54 anos,
e Maria Antonieta D'Alkmin, com 23, casaram e
passaram a lua-de-mel no
Rio de Janeiro. Passados 60 anos,
é na mesma Guanabara que o romance do modernista com sua última mulher ganha uma espécie de segunda noite de núpcias.
Trata-se do livro "Maria Antonieta D'Alkmin e Oswald de Andrade: Marco Zero", que será lançado no sábado, na Bienal do Rio.
Organizado por uma das filhas
do escritor, Marília de Andrade, e
pelo pesquisador Ésio Macedo Ribeiro, o volume abre cortinas para
aspectos da vida de Oswald de
Andrade (1890-1954) que a antropofagia comeu (e ninguém viu).
"O lado nada dândi do Oswald
-o sujeito caseiro que cuida dos
filhos e tem dificuldades financeiras- não está nas suas biografias", afirma Ribeiro.
A maior parte dos documentos
enfeixados em "Marco Zero" são,
de fato, inéditos. Seu "coração" é
um texto de 1961 de Maria Antonieta sobre o marido.
É de "flashes" que é feito o relato
"Evocações (Oswald de Andrade
em Minha Vida)", instantâneos
que começam descrevendo 1933,
quando a adolescente ouve pela
primeira vez o nome do escritor
("ligando-o a vários casamentos,
ao romance "Os Condenados" e ao
comunismo") e param em 1945.
Em boa parte, ela conta o modo
como se aproximou de Oswald,
trabalhando como ajudante nas
pesquisas do autor para "Marco
Zero". "O atual livro se chama
"Marco Zero" porque foi o romance de mesmo nome de Oswald,
que também completa 60 anos, o
"marco zero" da relação dele com
Antonieta", conta Marília, 58.
A narrativa é complementada
por um conjunto apetitoso de documentos e fotos. Estão no volume, entre outros, toda a correspondência trocada pelo casal,
uma carta de Oswald aos filhos
Marília e Paulo Marcos e uma coleção de dedicatórias que o poeta
escreveu para sua mulher, em livros dele ou de outrem. Em um
volume de Edgar Allan Poe, por
exemplo, ele escreve "Antonieta,
eu quero que você me continue".
"Ele era completamente devotado e apaixonado por ela", lembra
a filha do casal.
MARCO ZERO. Organização: Marília de
Andrade e Ésio Macedo Ribeiro. Editora:
Edusp/Oficina do Livro. Lançamento:
sábado, às 13h, no estande da Edusp na
Bienal do Rio. Quanto: R$ 49.
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