São Paulo, sexta-feira, 22 de julho de 2005

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FOTOGRAFIA

Site com imagens de mestres fica pronto em 2006

Eastman e International Center se unem e montam museu virtual

RANDY KENNEDY
DO "NEW YORK TIMES"

Dois centros fotográficos americanos proeminentes -o George Eastman House, em Rochester, e o International Center of Photography, em Midtown- começaram, a partir de 1999, a reconhecer que precisavam um do outro.
Mais especificamente, os responsáveis pelo Eastman House -o mais antigo museu fotográfico do mundo, com mais de 400 mil fotos e negativos em seu acervo, que data da invenção da fotografia- se deram conta de que o museu precisava de uma presença em Nova York. E o International Center, uma instituição mais jovem, com uma coleção menor, queria ter acesso ao imenso acervo do Eastman, que inclui trabalhos de Ansel Adams, Alfred Stieglitz, Edward Steichen e Lazlo Moholy-Nagy.
A colaboração entre os dois museus resultou em várias exposições conjuntas, incluindo "Young America: The Daguerreotypes of Southworth and Hawes" (américa jovem: os daguerreótipos de southworth e hawes) e uma mostra que terminou neste ano das notáveis fotos de prostitutas de Nova Orleans no início dos anos 1900 feitas por E. J. Bellocq, imagens tiradas metade do Eastman e metade do International Center.
Agora, porém, as duas instituições estão trabalhando sobre um projeto ambicioso que visa criar um dos maiores bancos de dados de fotografia dos grandes mestres, acessível livremente na web.
O site photomuse.org, por enquanto ativo apenas como site em fase de testes, ficará pronto no outono americano de 2006, e a previsão é que inclua 200 mil fotos.
O site terá muitas imagens que já se tornaram ícones, do tipo que há anos são encontradas em pôsteres e postais, como, por exemplo, a foto de Stieglitz de uma árvore fina enquadrada por edifícios de escritórios de Nova York num dia de chuva, as multidões em Coney Island fotografadas por Weegee, e "Ícaro sobre o Empire State Building", de Lewis Hine.
Haverá também milhares de outros trabalhos de artistas eminentes que o público raramente tem a oportunidade de ver. Haverá, também, coleções de fotógrafos menos conhecidos, como Roman Vishniac, James VanDerZee e Ralph Eugene Meatyard.
Os criadores dizem que o objetivo é organizar o site de modo que as obras possam ser localizadas não apenas pelo nome do fotógrafo mas também de várias outras maneiras. Por exemplo, uma foto de Hine de um casal de imigrantes italianos poderia ser encontrada sob os verbetes "imigração", "ítalo-americanos", "Ellis Island" ou "fotografia urbana".
Cada foto também pode ser classificada de maneiras mais técnicas, como cópia de albumina, cópia de gelatina prateada, ou pelo tipo de máquina com a qual a foto foi feita.
"Nossa intenção não foi criar um site apenas para pesquisadores acadêmicos", explicou Willis E. Hartshorn, diretor do International Center.
Hoje já existem dezenas de bancos de dados digitais de fotografia na web, mas muitos deles, como o Corbis and Getty Images, são sites comerciais que não permitem o acesso livre do público a seus acervos. O site Photomuse vai se juntar a outros -como os da Biblioteca do Congresso, do Metropolitan Museum of Art e do britânico Museu Nacional de Fotografia, Cinema e Televisão- que estão começando a formar um imenso museu fotográfico virtual.
Financiado em parte por uma doação do Instituto de Serviços a Museus e Bibliotecas, de Washington, o projeto deverá ter um custo inicial de US$ 800 mil.
O diretor do Eastman House, Anthony Bannon, contou que um dos maiores obstáculos com os quais o projeto topou foi a conversão das imagens do Eastman e do International Center para um único sistema computadorizado. Até agora, disse ele, o Eastman já digitalizou 140 mil de suas fotos.
Ele explicou que muitas imagens podem ficar afastadas da web por anos ainda em função de disputas com vários fotógrafos em torno de direitos autorais. "Alguns deles são generosos e compreendem o resultado positivo de terem suas imagens vistas em nosso site, mas outros se preocupam com a perda de suas oportunidades de ganhar dinheiro."


Tradução de Clara Allain

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