São Paulo, sábado, 22 de agosto de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

INTERNET
Saraiva reestréia na rede com megasite

Lili Martins/Folha Imagem
Marcelo Teixeira, técnico da equipe de desenvolvimento do site da Cultura, em frente a computador que mostra a tela de abertura da livraria


MARIA ERCILIA
Em setembro, o Brasil ganha um megasite dedicado à venda de livros: vão estrear na Internet as novas páginas da livraria Saraiva, a maior do país. "Investimos R$ 500 mil no site, e vamos dar à sua estréia a mesma atenção que damos ao lançamento das megastores", afirma José Luiz Próspero, diretor-superintendente da rede de livrarias Saraiva.
O investimento corresponde a um oitavo do dedicado a megastores -a Saraiva investiu cerca de R$ 4 milhões em suas sete grandes lojas. O grupo Saraiva faturou R$ 180 milhões em 97. Só da livraria, foram R$ 94 milhões.
Não é a primeira vez que a Saraiva tenta a sorte no comércio eletrônico. Entre fevereiro e abril de 97, o grupo operou um site de vendas, que acabou fechando por falta de estrutura.
Hoje, a Saraiva prefere tratar o fiasco como "piloto" e virar a página. "Aprendemos muito com a experiência", diz o editor e webmaster Rogério Gastaldo. "Agora a Saraiva vai entrar para arrebentar."
O site da Saraiva vai se juntar a um grupo ainda relativamente pequeno de livrarias brasileiras que instalaram filiais também na Internet. Mas, se o mercado ainda é limitado pelo número de computadores conectados à rede no Brasil, ninguém quer ficar de fora de um segmento potencialmente muito vantajoso.
"Não tenho como deixar uma livraria do porte da Saraiva fora da Internet", afirma Wander Soares, diretor da empresa. "Veja casos como o da Amazon, o Brasil já é o terceiro mercado deles."
A livraria virtual mais conhecida do mundo, sediada nos Estados Unidos, confirma apenas em parte o rumor persistente de que o Brasil seria seu terceiro mercado, logo atrás do Japão. "Podemos apenas afirmar que o Brasil está entre nossos cinco maiores mercados", diz a porta-voz da Amazon, Kay Dangaard.
"O Brasil e o Japão são bons mercados para livros médicos, científicos e acadêmicos. É bem possível que isso explique a grande procura da Amazon por brasileiros", afirma Sally Taylor, editora da "Publisher's Weekly", que, recentemente, fez uma grande reportagem sobre o mercado de livros no Brasil.
O Brasil é o oitavo mercado de livros do mundo, maior que o resto da América Latina somada. O volume de vendas no ano passado foi de US$ 1,84 bilhão -embora tenha havido um declínio de 3% em relação a 96.
Mas são apenas 1.200 livrarias no país. Raul Wasserman, vice-presidente da Câmara do Livro, diz que a Internet pode ser mais uma alternativa de distribuição do livro. "As livrarias tendem a se concentrar nas áreas de maior renda. Em muitos lugares do país, há público leitor que não tem como comprar livros."
Embora evitem otimismo exagerado, as livrarias estão de olho nesse sistema de distribuição, que permite que alcancem o Brasil inteiro e até compradores no exterior, sem despesas com novas filiais.
"É difícil dizer se uma venda pela Internet vai custar menos para a livraria. Ou mesmo o quanto o mercado vai expandir. Ainda temos a limitação do número de computadores no Brasil", diz José Luiz Próspero. "Por outro lado, temos muitos clientes do país inteiro que escrevem cartas fazendo pedidos de livros. Vamos poder atendê-los com mais eficiência. Teremos conteúdos especiais no site, como uma área infantil e uma seção de assuntos jurídicos, além de uma seção de papelaria e uma de multimídia. No nosso ramo, não se entra na Internet por modismo, mas por necessidade."



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.