São Paulo, sábado, 22 de agosto de 1998

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Livraria Cultura tem pioneirismo em vendas on-line

da Redação

A pioneira das livrarias brasileiras na Internet é a Cultura. Antes mesmo de se falar em Internet, já tinha um serviço de vendas no BBS Mandic (BBS é um pequeno serviço on-line não-conectado à Internet), em 1994.
"Entramos na Internet em janeiro de 95, ainda com o Mandic", diz Pedro Herz, proprietário da livraria. "Em julho de 96, mudamos para uma "casa própria', um domínio independente."
Cerca de 5% a 6% do faturamento da livraria vem das vendas do site. Em julho de 97, a Cultura recebeu 1.492 pedidos de livros (um pedido pode significar um ou mais livros) pela Internet e vendeu R$ 99.506. No mesmo período, o total de vendas da livraria (on-line e loja) foi de R$ 409.857. Entre janeiro e julho, o total de pedidos do site foi de 11.186 e o valor das vendas, R$ 664.204; o total da livraria foi de 1.325.337.
"Temos quatro pessoas para responder e-mails e um plantão no sábado", diz Herz. "As pessoas não querem esperar -recebemos 400 e-mails por dia."
Talvez por ter se estabelecido tão cedo, o site da Cultura está em ligeira vantagem em relação a outros, de empresas bem maiores.
O site da Siciliano, instalado em março de 97 nos servidores do Universo Online (serviço de provimento de acesso e informação na Internet dos grupos Folha e Abril), fatura, de acordo com seu presidente, Oswaldo Siciliano Jr., cerca de R$ 80 a R$ 90 mil por mês. "O site equivale hoje ao faturamento de uma livraria pequena da Siciliano", afirma. Siciliano diz que o investimento inicial no sistema ficou entre R$ 30 e R$ 40 mil. "Mas boa parte do custo é invisível. Há todo o sistema de inventário que nós já tínhamos, os funcionários que processam os pedidos etc.", explica. "Não é tão fácil quanto as pessoas pensam", acrescenta. "Cada pedido pela Internet tem um trabalho manual. Na loja, o funcionário simplesmente pega o livro na estante."
Siciliano afirma que sua livraria tem um serviço muito rápido. "Chegamos a atender pedidos entre 24 e 48 horas, porque já temos uma estrutura. Alguns sites trabalham sem estoque e são obrigados a fazer pedidos a cada encomenda. Veja a Amazon, trabalhava sem estoque, agora está montando um depósito na Inglaterra, para suas vendas européias."
Ele não revela quanto economiza nas vendas pela Internet. "Esse é um dado estratégico que preferimos não divulgar", afirma. "Mas posso dizer que o custo da venda pela rede é menor."
Mesmo assim, as livrarias brasileiras mantêm os mesmos preços nas lojas e nos sites. A Siciliano tem um esquema de descontos proporcionais no frete -quanto mais livros o cliente compra, menos frete paga e se comprar o suficiente, pode até ter frete gratuito.
A norte-americana Barnes and Noble, por exemplo, optou por reduzir os preços dos livros no site, explicando que, como gasta menos do que nas lojas para vendê-los, pode cobrar menos.
Com a compra do Ática Shopping Cultural pela rede de lojas francesa Fnac, o site da loja caiu num limbo. O projeto era de responsabilidade do Ática Shopping, totalmente independente do resto do grupo. O site estreou no dia 15 de junho, após a notícia da venda da livraria. "Não fizemos divulgação nenhuma", diz Marco Aurelio Moschella, webmaster responsável pela manutenção do site.
Segundo ele, o site do Ática Shopping recebe "uns mil pedidos" por mês. O investimento inicial no desenvolvimento da loja eletrônica foi de R$ 70 mil. Segundo Moschella, o site deve passar por uma reformulação no começo do ano que vem e vai passar a se chamar Fnac, assim como o Ática Shopping. "Provavelmente vamos vender de tudo, não só livros. É assim o site da Fnac francesa", diz o webmaster, que já registrou o endereço www.fnac.com.br.
A única livraria que começou exclusivamente on-line e se tornou relativamente conhecida no Brasil é a Booknet. Sociedade entre o carioca Jack London e seu filho Diego, estreou na rede em março de 96. "No começo nós recebíamos caixas de livros das editoras e digitávamos tudo a mão no banco de dados", diz Diego London.
Segundo ele, a inspiração dos dois foi a Amazon Books. Várias características da livraria norte-americana foram copiadas por eles, como o esquema de "franquias virtuais" (são links em páginas de outras pessoas ou empresas, levando a livros da Booknet. A livraria paga uma comissão por livro comprado a partir desses links). A Booknet tem ainda quiosques com acesso à livraria, que podem ser instalados em lojas.
A Booknet arrendou quatro lojas da rede Curió, da Ediouro, três no Rio de Janeiro e uma em Volta Redonda. Seus proprietários afirmam ter um faturamento bruto de "R$ 500 mil a R$ 600 mil" e que o lucro do site equivale a três vezes o de suas lojas. (ME)



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