DA REPORTAGEM LOCAL

Além do novo filme "De Lama Lâmina", de Matthew Barney, que estréia amanhã, em São Paulo, a cidade recebe, a partir de hoje, outros artistas plásticos contemporâneos que podem ser vistos na sala escura do cinema, em "ArteCinemaArte", no Museu da Imagem e do Som (MIS), organizada com o apoio do Instituto Goethe de São Paulo.
Com seleção de Heinz Peter Schwerfel, diretor artístico e um dos curadores da Bienal do Filme de Arte de Colônia (Alemanha) em 2003, a mostra apresenta o trabalho de 15 artistas plásticos exibidos no evento germânico, no ano passado. A partir de amanhã, o mesmo programa é apresentado no Festival do Rio, no Rio de Janeiro.
O que leva a essa aproximação entre artistas plásticos e cinema? "A arte contemporânea quer servir-se da única linguagem globalmente compreensível de nosso tempo: da linguagem das imagens que se movem. Com a ajuda dela, pretende contar histórias que tratam exatamente do poder dessas imagens. Assim como o cinema não pára de atestar o poder da imagem pintada", diz Schwerfel.

Documentários
Nem todos os filmes a serem exibidos são produções de artistas, mas há alguns documentários sobre seus trabalhos.
É o caso de "Mau Wal Encontros Traduzidos", sobre a dupla Maurício Dias e Walter Riedweg, com direção de Fabiana Werneck, ou de "Naked World", dirigido por Arlene Donnelly Nelson, sobre o artista Spencer Tunick, que costuma fotografar multidões nuas em espaços públicos, como ocorreu na 25ª Bienal de São Paulo, em 2002.
A mostra é dividida em cinco segmentos: "Cultura", "Observação", "Meditação", "Suspense" e "Performance". Entre os destaques está "Baltimore", do inglês Isaac Julien, exibido na Bienal de Berlim, no início deste ano.
Na produção, personagens negros de um museu de cera, em Baltimore, ganham vida e começam a parodiar filmes do "blaxploitation" dos anos 70. Em Berlim, essa obra era apresentada como uma instalação, em três projeções de grande dimensão, o que não irá ocorrer no MIS.

Mulheres
Além de Tunick, outros dois artistas que participaram da 25ª Bienal estão na programação do MIS: a iraniana Shrin Neshat, com "Pulse", mais uma de suas investigações sobre a cultura muçulmana, e a italiana Vanessa Beecroft, com o trabalho "VB5 1", com o registro de outra de suas performances com aglomerações de mulheres.
Desta vez, ao menos, a artista amplia o tedioso ritmo de seu trabalho com a presença da atriz e cantora alemã Hanna Schygulla, que, vestida em negro, entoa antigas canções germânicas.
(FABIO CYPRIANO)