DA SUCURSAL DO RIO

Há seis anos distante dos olhos do público, um painel de Candido Portinari voltará a ser exposto no próximo dia 28. "Pescadores", com 2,47 m de altura e 5,5 m de comprimento, é o destaque de "Portinari na BM&F - O Trabalho como Tema", mostra paralela à 26ª Bienal de SP que acontecerá no Espaço Cultural BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuro).
O painel estava guardado na galeria de Jean Boghici, em Ipanema. Boghici é amigo de Alberto Leon, que comprou a obra em 2002 de um colecionador inglês.
"Tinha comprado antes para ele. Mas a burocracia para a tela ir para Londres estava muito grande, e eu acabei comprando dele. Fiquei todo endividado, mas obra de arte é que nem mulher: quando a gente gosta muito, faz loucuras", diz Leon, que não fala em cifras a respeito do quadro. Seu valor aproximado é R$ 10 milhões.
Para a tela chegar a São Paulo, foi montada uma operação cheia de detalhes e sigilos. Leon cuidou para que a obra ganhasse uma proteção de aço, amianto, isopor e outros materiais. "É uma obra única, com um tema quase sacro, e feita com formas que lembram Picasso", exalta Leon. "É uma tela só, sem emendas. Quando comprei, estava com molduras, mas mandei tirar, porque Portinari pintou até dos lados dos painéis."
Portinari (1903-1962) pintou "Pescadores" em Paris, em 1950, atendendo a uma encomenda de Walther Moreira Salles (1912-2001), fundador do Unibanco. Durante muitos anos, o painel esteve na casa do banqueiro, na Gávea (zona sul), sede hoje do Instituto Moreira Salles.
Essas obras de grandes dimensões normalmente eram feitas para projetos arquitetônicos importantes, numa tabelinha entre pintores, arquitetos e paisagistas que vinha da década de 30. A mostra terá 26 originais de Portinari, entre telas e desenhos. (LFV)