São Paulo, sexta-feira, 22 de outubro de 2010

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OPINIÃO

Colombianos aprenderam a usar arquitetura em revitalização

RAUL JUSTE LORES
EDITOR DE MERCADO

As belas bibliotecas de Medellín e Bogotá comprovam que arquitetura arrojada não é exclusividade de países ricos com assinatura de astros da arquitetura global.
Os custos dessas bibliotecas são uma pequena fração de qualquer obra viária recente de São Paulo, mas as prioridades aqui e lá dizem muito o quanto ainda estamos atrás dos colombianos em melhorar periferias.
Os ótimos prefeitos que Bogotá e Medellín tiveram recentemente descobriram que a arquitetura ajuda a requalificar áreas que nasceram sem planejamento.
O trabalho de bons arquitetos na construção de equipamentos sociais fornece uma expertise inédita ao poder público, que vai da utilização de materiais de boa qualidade mais baratos (ou mais resistentes) à otimização de espaços.
Apesar de alguns projetos pioneiros em São Paulo, como as escolas do Fundo de Desenvolvimento da Educação e alguns conjuntos residenciais da Secretaria de Habitação da Prefeitura, estamos bastante longe de ter algo parecido no Brasil.
Poucos governos brasileiros realizam concursos de arquitetura antes de fazer uma obra. Ao contrário de Pequim, que criou ícones globais de sua modernidade, no Brasil as obras de Copa e Olimpíada são cercadas de suspeita discrição.
Nos poucos concursos de arquitetura realizados, o normal é que os projetos vencedores sejam engavetados.
As leis de licitação, que premiam o menor preço (frequentemente acompanhado com pior qualidade de materiais e execução), tampouco ajudam. A responsabilidade é compartilhada.
Os políticos desinformados, a pouca relevância política dos arquitetos como categoria profissional no Brasil, a elite que a confunde com decoração e a ausência de mecenas na iniciativa privada impedem que a arquitetura tenha influência em redesenhar cidades, algo presente da Coreia ao México, da China à Colômbia.


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