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ANÁLISE
"Povos de São Paulo" desvenda metrópole
ESTHER HAMBURGER
ESPECIAL PAR A FOLHA
São Paulo é "aconchegante",
"cosmopolita", "movimentada", "futurista". Na metrópole
paulistana a condição de imigrante não necessariamente estigmatiza. São Paulo NÃO é caótica. Aqui
esses imigrantes orgulhosamente
se sentem em casa.
Esses são alguns dos recados
surpreendentes das personagens
retratadas no projeto "Povos de
São Paulo". Ainda é possível assistir às vinhetas na TV Cultura e em
alguns cinemas. São 26 videocrônicas de um minuto; cada uma
trata da vida de um personagem
recém-chegado do exterior.
O projeto multimídia, que deu
origem também a oficinas, exposição e livro de fotografia, produziu também um documentário de
55 minutos dirigido por Kiko
Goifman e Rachel Monteiro.
"Povos de São Paulo" aproveitou o gancho dos 450 anos da cidade para pesquisar o universo
poliforme de imigrantes recém-chegados -de lugares tão diversos como África, EUA ou Bolívia.
O documentário evita entrevistas. A figura de Livio Tragtenberg,
mudo, microfone em punho, a recolher os mais diversos sons, alinhava o "Sonoroscópio" da metrópole. O resultado é um painel
de performances estranhamente
encantadas com uma cidade que
os nativos quase não reconhecem.
Ouvimos o ruído sutil que as
carpas fazem ao se deslocar no
aquário de algum restaurante japonês no bairro da Liberdade.
Nós nos surpreendemos com a
poderosa voz e a ginga de Fanta
Konatê Kinugawa, a princesa da
Nova Guiné. Percorremos o trajeto do trem na marginal Pinheiros
com o senegalês Fily Kanouté.
Ouvimos seu violão. Admiramos
os objetos de Jan Fjeld, norueguês
que vive em Perdizes, reclama do
barulho das maritacas, mas reconhece ordem na cidade.
A TV Cultura exibiu o documentário uma única vez, em novembro. As videocrônicas são
menos novidadeiras. Em compensação, o formato telegráfico
garante mais exibição. Ambos estão disponíveis também em DVD.
Esther Hamburger é antropóloga e
professora da ECA-USP
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