São Paulo, sábado, 23 de janeiro de 2010

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28ª SÃO PAULO FASHION WEEK

Isabela Capeto retoma fôlego em coleção requintada

Estilista abriu desfiles do último dia da SPFW, que teve ainda apresentações regulares de Carlota Joakina e Reserva

ALCINO LEITE NETO
EDITOR DE MODA
VIVIAN WHITEMAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A estilista Isabela Capeto recuperou o fôlego de seu trabalho artesanal com o desfile que fez ontem, no último dia da São Paulo Fashion Week, para poucos convidados e compradores. A grife de Isabela foi comprada recentemente pelo grupo InBrands, o que representou um novo aporte de capital para a produção da coleção, uma das mais ricas, em termos de materiais, que a estilista apresentou nas últimas temporadas.
Inspirada no tema "filtros", a coleção explorou o assunto sobretudo nos tecidos (transparências e vazados) e nos bordados e aplicações (filtros de café, o "filtro de sonhos" indígenas, o olho grego que "filtra" maus espíritos etc.). A cartela de cores apostou no contraste entre uma miríade de tons vivos, como verde, rosa e vermelho, e o preto, que apareceu em sofisticados looks de renda e pele.
Isabela deu atenção especial aos bordados, uma de suas especialidades, que decoravam algumas peças discretamente ou cobriam looks inteiros.
Um dos saltos da coleção diz respeito à modelagem -a estilista deixou de lado as peças de comprimento longuete e de aspecto antiquado e investiu em tailleurs, pantalonas e vestidos mais curtos, injetando frescor à sua imagem de moda.
Trata-se de uma coleção sobretudo decorativa, base do trabalho da estilista, direcionada a um público específico, que não procura tendências do momento e se interessa por uma certa abordagem "regionalista-chique" da vestimenta. A Carlota Joakina, marca caçula da grife Gloria Coelho, fez o segundo desfile do dia, sob a batuta de sua nova diretora de criação Camila Bertolote.
Desde que se afastou de seu repertório esportivo-utilitário, a grife vaga meio sem rumo pela SPFW. A coleção é irregular, com boas propostas para mocinhas românticas e elegantes e looks que ficam no lugar-comum, como os ultramanjados minivestidos de cetim. Os melhores momentos do desfile são as peças em couro, formadas por patchworks de flores.
O desfile da grife masculina Reserva abriu com um discurso contra a busca desenfreada da fama nos tempos atuais, feito por um dos apresentadores do programa CQC, Felipe Andreoli. O release para a imprensa também insistiu no assunto, em termos um tanto quanto "nonsense", como na frase: "A fama não é mais meritocrática, ela foi manualizada (sic) e, agora, possui cartilha".
No mesmo release, a explicação sobre o uso da flanela na coleção chega a ser cômica: "A flanela, em referência à usada para limpar os óculos sujos que nos deixam cegos, surge na alfaiataria e na camisaria."
O tema das celebridades serviu apenas como retórica para tentar enobrecer a coleção, vazia de ideias fortes de moda. Apesar da correta alfaiataria e de interessantes casacos de matelassê, a grife mostrou looks burocráticos, num desfile sem inteligência nem emoção.

ISABELA CAPETO
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CARLOTA JOAKINA
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RESERVA
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