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"MARDI GRAS"
EUA fecham Carnaval com blues e jazz
ANA MARIA GUARIGLIA
enviada especial a Nova Orleans
Amanhã é terça-feira de carnaval, dia do Mardi Gras, a festa da
terça gorda, que acontece oficialmente há mais de um século na cidade de Nova Orleans, no Estado
da Louisiana (EUA), muito diferente do carnaval brasileiro.
Para começar, a música, com
sons que lembram os antigos blues
e jazz originários dos ritmos caribenhos, são executadas pelas brass
bands nos clubes e fanfarras nas
ruas, que seguem as paradas.
Além do ritmo muito vibrante,
outra atração são as paradas, que
ocupam a Canal Street, a principal
avenida da cidade, e as ruas do
Quarteirão Francês, incluindo a
barulhenta Bourbon Street.
As pessoas se postam ao longo
das ruas, gritam, acenam para
agarrar os símbolos oferecidos pelas equipes que desfilam, copos,
colares e medalhas. São mais de 90
paradas e cada uma contendo entre 50 e 100 carros alegóricos -os
floats, nada parecidos com aqueles das nossas escolas de samba.
Os participantes se vestem segundo o tema evocado. Geralmente, são enredos populares e tradicionais, como as histórias infantis,
lendas européias e africanas, mitologia grega e literatura.
Para conhecer algumas curiosidades desse Carnaval, a Folha entrevistou, em Nova Orleans, a jornalista Geraldine Wyckoff, 50, crítica musical da revista "Gambit
Weekly" e também letrista, que há
mais de 20 anos dedica-se ao estudo da grande festa.
Folha - A música seria a diferença
básica entre o carnaval do Brasil e
o de Nova Orleans?
Geraldine Wyckoff - O brasileiro tem o samba, as mulatas e os
passistas. Nós temos a tradição,
que se traduz pela identidade das
nossas raízes culturais. É a celebração da vida e da morte, evocada
pelas influências européias, africanas e caribenhas, e que estão presentes principalmente na música.
Folha - O que é mais atraente
nessa festa?
Wyckoff - Tudo é atraente e bonito. Cito as comunidades negras,
que usam as alegorias dos índios
norte-americanos, como a Wild
Tchoupitoulas, os bailes de máscaras, que têm um certo ar do Carnaval de Veneza, e as tradições. Uma
delas é a apresentação dos adolescentes à sociedade local nos desfiles que abrem as festividades carnavalescas. É uma tradição que remonta ao século 19.
Folha - Como no Brasil, o rei Momo lidera a folia?
Wyckoff - Cada equipe possui
um capitão, um rei e uma rainha
selecionados para liderar a parada.
Como símbolos, eles comparecem
às festas e aos bailes. Algumas associações os substituem por personalidades convidadas, como
Billy Crystal, Paul Anka, Dennis
Quaid e Harry Connick Jr.
Folha - A cidade promove concursos de fantasias?
Wyckoff - Errol Laborde (editor
do "New Orleans Magazine") e eu
tentamos promovê-los, mas a
idéia não deu certo. É claro que
existe a confrontação entre os participantes e isso é muito divertido.
Folha - Como a sra. explica o sucesso do Carnaval de Nova Orleans?
Wyckoff - O Carnaval significa
descontração e a maioria das pessoas se liga no clima da alegria. Temos as paradas, em que todos participam democraticamente e,
principalmente, a magia do som.
A jornalista
Ana Maria Guariglia viajou a Nova
Orleans a convite da Kodak e da T. Tanaka.
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