São Paulo, quinta-feira, 23 de março de 2006

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COMIDA

Adega é esboço de bar com apelo culinário

JOSIMAR MELO
CRÍTICO DA FOLHA

A cozinha ibérica, Espanha e Portugal, tem vários traços de união, mas ainda não haviam sido colocadas lado a lado por aqui, como acontece agora no bar/restaurante Adega Santiago.
São cozinhas com tamanha força e tradição que até mereceriam um restaurante mais ambicioso; aqui a proposta é simpática, mas modesta, fica na fronteira entre a algazarra do bar e pratos que satisfaçam os clientes sem custos muito altos. A fórmula repete sua fonte inspiradora -o bar Espírito Santo, onde pratos portugueses acompanham a libação e que chega a lotar no almoço com gente que vai mesmo para comer. O responsável pelo local é o mesmo, o paulistano Luís Felipe (Ipe) Moraes, 39, que tem sócios investidores em cada empreendimento.
Seu primeiro bar, o Flamingo, surgiu em 1993 no local onde, em 1998, nasceu o Espírito Santo (neste mesmo ano ele participou da criação do restaurante Nakombi, cuja parte depois venderia). Em 2000, montou o Pharmacia, com a proposta de uma cozinha leve, sem frituras, com ênfase no forno de barro; a casa fechou em 2005 e, no mesmo local, nasceu a Adega Santiago.
A idéia de ser um bar com forte apelo na cozinha apenas se esboça. O cardápio foi criado com a consultoria de Ana Soares, e o forno a lenha continua em ação. Mas dele não saem os maravilhosos cordeiros assados tão característicos tanto da Espanha quanto de Portugal: os pratos são menos rebuscados. Há gostosas sardinhas na lenha (seriam melhores na brasa, da qual tomam mais gosto); há pastéis e croquetes (como o de pato); há bons camarões ao azeite com alho e pimenta vermelha; e tostadas de pão rústico com sabores como azeite com tomate e anchovas -tudo para petiscar, é a melhor seção do cardápio.
Os pratos, dos dois lados da fronteira, incluem a bacalhoada com batatas, tomates e pimentões e o bacalhau ao molho béchamel, palmito e brócolis com purê, gratinado, ambos do forno; paella e filezinhos com fideos (os fideos tradicionais são fininhos e curtos, mais como vermicelli; aqui a massa está mais para espaguete). O arroz, que pode ser achado nos dois lados da península, está presente num encharcado arroz de polvo, ou no de pato; e há também uma massa espanholizada: farfalle com presunto serrano, cogumelo, pêra e queijo azul.
Nas sobremesas, predomina o lado lusitano (pastel de santa clara, rabanadas e até o nobre queijo da Serra da Estrela com goiabada); os vinhos são bem escolhidos, com justa predominância de rótulos ibéricos.


ADEGA SANTIAGO
Cotação: $$$
Avaliação: regular
Endereço: r. Sampaio Vidal, 1.072, Jardim Paulistano, tel. 0/ xx/11/3081-5211
Funcionamento: de ter. a sex., das 12h às 15h e das 18h à 1h; sáb. e dom., das 12h à 1h
Ambiente: caloroso como uma taverna espanhola, ruidoso como um bar de SP
Serviço: bem atrapalhado
Serviço de vinhos: carta variada, com boa seleção de ibéricos, mas o staff não a domina
Estacionamento com manobrista: R$ 8
Cartões: Dinners, Mastercard e Visa
Preços: couvert, R$ 2,50; entradas, de R$ 6 a R$ 34; pratos principais, de R$ 24 a R$ 63 (duas pessoas); sobremesas, R$ 3,50 a R$ 10,50

@ - josimar@basilico.com.br


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