São Paulo, sexta-feira, 23 de março de 2007 |
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Última Moda Alcino Leite Neto, em Tóquio - ultima.moda@folha.com.br O estilista Alexandre Herchcovitch inaugura sua primeira loja no exterior O mais difícil para os japoneses não é o prenome, Alexandre, mas o sobrenome, que nem mesmo alguns brasileiros conseguem pronunciar direito: Herchcovitch. Mas em breve os japoneses se acostumarão a dizê-lo, mesmo que a pronúncia saia um pouco assim: Herukobiti. O estilista brasileiro mais famoso internacionalmente inaugurou ontem em Tóquio a sua primeira loja no exterior, com uma festa para cerca de 600 convidados. A loja Herchcovitch; Alexandre fica na região hype em torno da avenida Daikanyama, no bairro Shibuya. O local é formado por ruas muito estreitas, recheadas de butiques modernas e cafés charmosos, freqüentados por jovens. A arquitetura da loja, criada por Arthur Casas, é surpreendente. É como se fosse um caixote de madeira coberto de grafismos que reproduzem as fortes estampas punk-étnicas da coleção de verão 2006-07 do estilista. A cada temporada, os desenhos serão trocados, imitando as estampas da nova estação. O interior é todo em branco. No andar térreo da loja, fica a coleção feminina, pendurada em tubos de luzes fluorescentes. No subsolo, a masculina e os jeans. Ao todo, são 150 m2 -o que não é pouco espaço no Japão, um dos três maiores mercados da moda no mundo. A loja custou US$ 1 milhão (cerca de R$ 2,2 milhões) e foi bancada inteiramente pela HP France, companhia japonesa que é dona de mais de 80 butiques no país, bem como em outras cidades, como Nova York, Paris e Londres. A empresa também representa cerca de 200 marcas internacionais no Japão, entre elas as brasileiras Isabela Capetto e Osklen -que também terá uma loja em Tóquio até o final do ano. "Nosso foco são novos designers que sejam bem originais. A HP France não é só moda, é um lifestyle", diz à Folha, em Tóquio, o português João Santos, diretor de novos projetos da HP France e a pessoa que teve a idéia de criar a primeira loja japonesa de Herchcovitch. "É uma grande aposta. Decidimos fazer a loja de Alexandre, porque ele já é conhecido por aqui e tem agradado aos jovens. Estamos fazendo um trabalho imenso com a imagem dele no Japão, demonstrando que é um estilista internacional", afirma Santos. A aposta tem um preço alto. A nova loja vai precisar faturar US$ 130 mil (cerca de R$ 270 mil) por mês. "No mínimo!", ressalta Santos. "Do contrário, eu perco o meu emprego", ele brinca. Herchcovitch está confiante. "É uma meta de venda. Creio que em um ano ou menos chegaremos lá", diz o estilista, que vende suas roupas para a HP France desde 1998. Na sua quinta viagem ao Japão, Herchcovitch já consegue arranhar algumas palavras em japonês, além do simples "ohayo" (bom dia). E já foi iniciado em várias práticas de civilidade do país, como no ritual de apresentação da nova loja, em que visitou, na última quarta-feira, os seus vizinhos, levando um bolinho típico a cada um deles. "Adoro Tóquio. A mesma liberdade de estilo que eu sempre preguei eles aqui praticam no dia-a-dia. Minha roupa foi compreendida quase imediatamente pelos japoneses", diz. "Não faço roupas pensando apenas nos Jardins, mas também no Acre, na Islândia, no Japão. Eu me considero um estilista global. Minha utopia é que o mundo seja um só país, sem fronteiras", afirma. O ano de 2007 vai ser crucial para Herchcovitch. Sua última coleção foi muito bem recebida pela imprensa internacional. Em abril, ele abre uma fábrica de 1.600 m2 em São Paulo, nos Campos Elíseos, o que vai permitir a expansão de sua loja na rua Haddock Lobo. A festa de inauguração em Tóquio continuou no fervido clube Seco, onde Herchcovitch e o DJ Johnny Luxo pilotaram os pick ups de som. O jornalista ALCINO LEITE NETO viajou à Tóquio a convite da HP France e de Alexandre Herchcovitch. City Tour DEZ DICAS DE TÓQUIO POR HERCHCOVITCH 1. Tokiu Hands Loja de departamentos em Shibuya-ku, onde se encontra de tudo, desde material de papelaria até guarda-chuvas, com muitas opções de cada item, tudo extremamente organizado. Ande em TODOS os andares. 2. Parque Yoyogi Aos domingos, jovens se reúnem neste parque em grupos bem definidos, numa espécie de competição para saber quem está vestido da maneira mais original ou mais se aproximou do "personagem" escolhido. 3. Livraria Tsutaya, em Roppongi A mais completa livraria e revistaria a que fui em Tóquio. Fica aberta 24 horas. O lugar é lindo e está rodeado de megabutiques. 4. Região da rua Harajuku e da rua Takeshita Desça na estação de metrô Harajuku. Chegue na rua Harajuku atravessando a rua Takeshita. O lugar tem lojas e mais lojas. Entre em tudo o que puder. Aqui, em Tóquio, em todo andar de prédio, em todo subsolo, há uma lojinha. Quanto mais escondida e difícil de achar ela for, melhor. 5. Região de Daikanyama Tem um comércio sofisticado e variado, de brechós a cafés. Não deixe de visitar a loja de roupas Hanjiro (no subsolo) e as várias lojas da rede Beams. Vale a pena comer um docinho no Marmaid Café. 6. Região de Aoyama Visite as lojas Loveless, Comme des Garçons, Undercover -e você vai ganhar um prêmio se encontrar a loja Maison Martin Margiela. 7. Shibuya Area Perca um tempinho no cruzamento da estação Shibuya, observando alguns dos 3 milhões de pedestres que passam por lá todos os dias. Embaixo da estação, há um supermercado, o Food Market, onde se pode encontrar mangas por US$ 100 (cerca de R$ 210) cada uma e melancias quadradas, além de outras iguarias. 8. Região de Ginza É a Madison Avenue de Tóquio, para quem gosta. 9. Cruzamento da Meiji-Dori com Omotensando-Dori Sente em um dos dois banquinhos brancos em frente à Gap e fique lá todo tempo que quiser. É diversão garantida. Vários fotógrafos e editores buscam neste local os melhores looks entre as pessoas que passam. 10. Nunca dê gorjetas "Arigatô gozaimasu" (muito obrigado) é a resposta obrigatória. Arquitetura causa forte impacto visual
O projeto arquitetônico da
loja de Herchcovitch em Tóquio é arrojado, de uma beleza
supercontemporânea e causa
forte impacto visual. Antes
mesmo de ser inaugurada, a loja já chamava muito a atenção
de quem passava pela rua.
O estilista Marcelo Sommer
é o novo diretor criativo da
TNG. Conhecido por seu estilo
muito pessoal, ele ficará responsável por fazer todas as linhas da grife e diz que terá total
liberdade de criação. |
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