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"Coleção Folha" destaca poeta Manuel Bandeira
Obras "Libertinagem" e "Estrela da Manhã" compõem o sétimo volume da série
Com ironia, sensualidade e coloquialismo, lírica do escritor foi classificada por Antonio Candido como "simplicidade do requinte"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Uns tomam éter, outros cocaína. /Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria." Assim o poeta
Manuel Bandeira (1886-1968)
inicia o poema "Não Sei Dançar", o primeiro do livro "Libertinagem", de 1930. Junto com
"Estrela da Manhã", publicado
seis anos depois, representa
uma das obras mais extraordinárias da poesia brasileira de
todos os tempos.
Nesses livros, o leitor encontra o anseio por libertação existencial e estética ("Vou-me
Embora pra Pasárgada" e "Poética") ao lado da evocação memorialística ("Mangue"); a nota
política ("Rondó dos Cavalinhos") junto com o flagrante lírico do cotidiano ("Momento
num Café"). Partindo de versos
de qualidade essencialmente
material, o poeta conseguiu firmar uma transcendência, não
da alma, mas do corpo.
Com o emprego da ironia e da
auto-ironia, da sensualidade,
do coloquialismo, da busca pela
matéria sem rebusco, Bandeira
produziu uma lírica dotada daquilo que o crítico Antonio
Candido chamou de "simplicidade do requinte".
Depois de "Cinza das Horas"
(1917) e de "Carnaval" (1919),
em que se verifica ainda certa
tonalidade crepuscular pós-simbolista, Bandeira atinge
com "Libertinagem" voz poética original, absorvida na confluência entre temas e procedimentos caros ao modernismo e
o investimento em um ritmo
próprio.
Da experiência moderna vieram não apenas a ironia e o uso
do registro coloquial, mas a escolha de temas supostamente
não-poéticos, como a "Balada
das Três Mulheres do Sabonete
Araxá".
Já a musicalidade particular,
Bandeira adquiriu-a em anos
de prática com formas tradicionais, tanto populares quanto
eruditas, como a balada, o rondó, o soneto e a canção. Mesmo
nos versos livres e nos poemas
em prosa, vê-se intensa preocupação com a sonoridade, percebida no uso de aliterações, rimas internas, repetições.
"Libertinagem" e "Estrela da
Manhã" compõem o sétimo volume da "Coleção Folha Grandes Escritores Brasileiros".
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